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A luta das mulheres pelo acesso e gestão pública da água

Publicado: 09 Março, 2018 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Historicamente, mulheres, mesmo ainda meninas, são as que mais sofrem com a falta de abastecimento de água, com a seca. Segundo a ONU, o tempo que mulheres e meninas em todo o mundo gastam para coletar água chega a 200 milhões de horas/dia.

É comum vermos, não apenas no Brasil, mas também em outros países com climas áridos, mulheres de todas as idades carregando latas de água na cabeça em busca de uma fonte, um rio ou um poço.

São elas as encarregadas pelo patriarcado de prover toda a família de um bem que deveria ser acessível a todos.

“Eu mesma com apenas 10 anos de idade já andava com baldes na cabeça, a quilômetros e quilômetros de casa, para poder ajudar a família”, diz Mazé Morais, secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).

“Sei que ainda tem muitas jovens nas comunidades que continuam passando por dificuldades de acesso à água. Os avanços ainda são muito poucos”.

É um trabalho pesado e precoce que impede que as mulheres tenham um melhor acesso à educação, influenciando também o seu desenvolvimento físico e o seu próprio crescimento. Ainda há as marcas emocionais porque a criança se sente responsável por trabalhos que deveriam ser exercidos por pessoas de mais idade.

“Infelizmente, ainda existe machismo na nossa sociedade, tantos nos espaços internos como externos. E é isso que enfrentamos no nosso dia a dia”, afirma Mazé, que complementa: “Temos de provar a todo instante que somos capazes de dar conta do que nos foi mandado. Estamos o tempo todo em provação, seja na família, seja no trabalho. E prover a casa com água é uma tarefa que foi delegada às mulheres. É ela quem limpa e cozinha”.

O papel da mulher na questão da água tem sido motivo de debates dentro dos movimentos sociais e sindical. Elas ocupam muito menos cargos que os homens nos órgãos oficiais que cuidam da preservação e acesso à água, um direito fundamental que deve ser garantido de forma universal e pública, tanto no Brasil quanto no exterior.

“É fundamental traçarmos uma estratégia em conjunto e fortalecer nossas companheiras mulheres para ocuparmos esses espaços que são importantes no fortalecimento da luta feminina e da sociedade”, completa Mazé Morais.

Mulheres, Água e Energia não são mercadorias

Nesse sentido, um dos espaços de debate será o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA2018), que será realizado entre os dias 17 e 22 de março, em Brasília.

E foi com o intuito de estimular o protagonismo feminino, criando as condições para sua efetiva participação em todos os espaços de decisão política e do processo de organização e de luta e pelo direito à água que, durante o lançamento internacional do Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA 2018), em setembro do ano passado, o Grupo de Mulheres do FAMA lançou uma Carta à sociedade.

FAMA 2018

O evento internacional vai reunir organizações e movimentos sociais mundiais que lutam em defesa da água como direito elementar à vida.

O FAMA2018 se contrapõe ao “Fórum Mundial da Água” (ANA), encontro que tem o apoio do governo golpista e ilegítimo de Michel Temer (MDB-SP) e os grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, que defendem a privatização das fontes naturais e dos serviços públicos de água.

No FAMA2018 serão debatidos os temas centrais de defesa pública e controle social das fontes de água e o acesso democrático à água; além da luta contra as privatizações dos mananciais, as barragens e em defesa dos povos atingidos; serviços públicos de água e saneamento; e as políticas públicas necessárias para o controle social do uso da água e preservação ambiental, que garanta o ciclo natural da água em todo o planeta.

(Fonte: CUT Nacional)