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ABC: protesto contra Reforma da Previdência reuniu 12 mil metalúrgicos

Ato foi realizado na manhã desta sexta-feira (09) na Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).

Publicado: 09 Dezembro, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Adonis Guerra
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Manifestação aconteceu na manhã desta sexta-feira (09)

Cerca de 12 mil trabalhadores protestaram na manhã desta sexta-feira (09) na Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), contra a Reforma da Previdência. O ato, organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reuniu trabalhadores de 30 empresas, entre elas Volkswagen, Mercedes-Benz, Ford, ZF, Arteb e Panex.

Os participantes demonstraram contrariedade às regras propostas pelo governo federal nesta semana, em que o trabalhador precisa atingir a idade mínima de 65 anos e pelo menos 25 anos de contribuição para poder se aposentar - neste caso, serão recebidos 76% do valor da aposentadoria. Para receber a aposentadoria integral, o trabalhador precisará contribuir por 49 anos, sendo os 25 anos obrigatórios e 24 anos a mais.

Para a motorista de caminhões Debora Manoel da Silva, 41 anos, caso as alterações sejam aprovadas nacionalmente adiará seu direito à aposentadoria. “Comecei a trabalhar muito nova sem registro, tenho 15 anos de contribuição apenas, e o receio de ficar desemprega é constante”, afirmou a trabalhadora da Ford. Na mesma montadora, o operador Fabio Silveira considera vergonhosas as mudanças propostas. “O governo não dialoga com a sociedade e não deixa clara todas as regras. Isso é errado e, do jeito que eles estão propondo, não vamos aceitar”, disse.

Garantir antes que mude 
Por outro lado, diversos trabalhadores agilizaram os pedidos nos últimos meses para conseguir aposentadoria ainda pela regra 85/95 – que soma a idade e o tempo de contribuição, sendo 85 para mulheres e 95 para homens. Além disso, os metalúrgicos possuem direito à aposentadoria especial, por meio do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) fornecido pelas empresas, por trabalharem em funções e ambientes considerados perigosos ou nocivos à saúde.

É o caso do operador especialista Antônio Carlos dos Santos, 44 anos, sendo 26 deles trabalhados na Volkswagen. “Já adiantei meus documentos, a fábrica me deu todos os papéis e estou dando entrada na aposentadoria enquanto valer a regra atual. Comecei a trabalhar com 16 anos e tenho diversas lesões devido ao trabalho. Se eu tiver que trabalhar mais 20 anos eu vou morrer antes, porque no chão de fábrica é difícil se manter com saúde e qualidade de vida por tanto tempo assim de exposição”, relatou.

O ferramenteiro na ZF Alexandre Carvejani também deu entrada no pedido de aposentadoria especial. Aos 48 anos, o metalúrgico soma 30 de contribuição e não aceita trabalhar mais pela regra proposta. “É um abuso, porque diversos excessos são cometidos entre os próprios governantes e eles deveriam cortar gastos entre eles mesmos, não o trabalhador pagar por isso. Fui atrás da minha aposentadoria para garantir o que vale atualmente, o que vou lutar para não mudar”, apontou.

Crédito: Roberto Parizotti
Presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, também participou do atoPresidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, também participou do ato
Presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, também participou do ato

Resposta rápida 
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, disse que é necessário reagir rápido contra essa tentativa de mudar as regras da previdência. “Todo o Brasil precisa responder rapidamente a este ataque perverso contra os trabalhadores. Estamos começando aqui na Região para cobrar respeito do atual governo. Poderemos apresentar uma proposta alternativa [à Reforma da Previdência], mas vamos conversar de igual para igual”, pontuou.

O sindicalista reforçou, ainda, que a medida atrasa a entrada no mercado de trabalho. “Não são todas as famílias que tem condição de bancar o estudo dos filhos até ele entrar no mercado de trabalho com cerca de 24 anos. Da mesma forma, um trabalhador com 50 anos se torna vulnerável, porque a criação de postos de trabalho não acompanha a expectativa de vida apontada pelo governo de forma generalizada, como se o Brasil não tivesse diversidade”, acrescentou Marques.

Uma projeção do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas Socioeconômicas da Universidade Municipal de São Caetano), com base nos dados do Censo 2010 do IBGE, revela que a expectativa média de vida no ABCD é de 78 anos, idade acima da média nacional de 75 anos.

“Estamos falando de média, mas há muitas regiões vulneráveis mesmo dentro do ABCD. Imagina em todo o Brasil, onde alguns Estados as pessoas não chegam aos 67 anos. Essa proposta do governo tem diversos problemas e este é o principal, porque a pessoa vai viver para trabalhar e desfrutará pouco”, apontou o economista e gestor do Inpes, Leandro Prearo.

(Fonte: Iara Voros, Jornal ABCD Maior)

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