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Aécio pulverizou pagamentos em contas no Exterior, diz delator

Publicado: 18 Abril, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O então governador de Minas Gerais Aécio Neves, o empresário Alexandre Accioly e o jornalista Diogo Mainardi (que nega este relato) jantavam no restaurante Gero, um dos mais conceituados do Rio de Janeiro, em algum momento entre o fim de 2007 e começo de 2008. No mesmo salão, mas em outra mesa, estava um velho conhecido de Aécio, Henrique Valadares, então diretor da área de energia da Odebrecht. Valadares achava normal encontrar o mineiro em Ipanema, onde o tucano se habituara a passar seus finais de semana quando era governador.

Isso já faz quase dez anos, mas o representante da Odebrecht diz não se esquecer desse dia até hoje. É que, dias depois, o ex-diretor de Furnas e homem de extrema confiança de Aécio no setor elétrico Dimas Toledo procurou Valadares no escritório da Odebrecht na Avenida Pasteur, no Rio. Não era a primeira vez dele ali, nem seria a última. Dimas levava consigo um pedaço de papel com algumas informações sobre dados bancários. Era uma conta bancária em Cingapura, identificada como “Accioly”.

Valadares não teve dúvidas e até hoje afirma que a conta era do amigo de Aécio. Depois de um tempo, disse o diretor em um de seus depoimentos no acordo de delação premiada, ele viu Accioly também com Dimas, o que reforçou sua convicção. Nessa conta, foram depositados algo em torno de R$ 2 milhões, disse Valadares.

Mas a história, conforme conta o delator, não começa nem termina aí. Em fevereiro de 2008, Henrique Valadares e Marcelo Odebrecht marcaram um encontro com Aécio Neves. A conversa foi na residência oficial do governador, o Palácio das Mangabeiras, num ponto alto de Belo Horizonte. Com os três sentados nos confortáveis sofás do palácio, com vista para a cidade, a noite foi de conversas sobre a situação política e econômica do país, mas em tom de amenidades. Na saída, Aécio falou rapidamente com Valadares, sem dar maiores explicações: “O Dimas vai te procurar”.

O delator afirma que não presenciou o pedido de propina durante a noite. No entanto, ao entrar no carro com Marcelo, Valadares – sempre segundo seu depoimento aos procuradores da Lava Jato – foi informado do grande fato da noite: eles tinham acertado um pagamento de R$ 50 milhões para Aécio. Era uma contrapartida a ações que o tucano, hoje senador e presidente do PSDB, iria tomar, usando sua influência como governador, em favor do consórcio que a Odebrecht formou com a Andrade Gutierrez pelas obras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira.

As empreiteiras  queriam resolver questões em relação ao leilão da usina de Jirau, que aconteceria dali a três meses. Daqueles R$ 50 milhões, R$ 30 milhões caberiam à Odebrecht pagar. O restante da propina seria executada pela Andrade Gutierrez.

(Fonte: Jornal GGN)