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Airbus diz ser favorável a acordo para encerrar disputa com Boeing

Publicado: 09 Setembro, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A fabricante europeia de aviões Airbus continua a favor de um acordo com a concorrente americana Boeing sobre a disputa de ambas na OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre subsídios, disse o presidente da EADS --dona da Airbus--, Louis Gallois, em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal francês "La Tribune".

Gallois reiterou que "sempre fomos favoráveis a um novo acordo" com a Boeing para encerrar o caso na OMC, mas, se não for possível, a disputa será levada até seu termo. Ele advertiu que isso significaria que a decisão final da organização não chegará até 2012-2013 e, além disso, "não terá formalmente capacidade retroativa", só podendo, assim, "eventualmente mudar o sistema para o futuro".

Na sexta-feira (4), os EUA receberam a decisão confidencial da OMC sobre a queixa contra a Airbus. A porta-voz do gabinete de Representação Comercial dos EUA, Debbie Mesloh, disse que o governo americano "têm sustentado que os governos europeus forneceram subsídios injustos à Airbus que prejudicam os interesses norte-americanos".

Sobre o relatório e sobre a disputa das duas empresas na questão dos subsídios, o presidente da EADS lembrou que simultaneamente há outra denúncia da Airbus contra a Boeing (formalmente, da UE contra os EUA) também por ajudas públicas --recebidas, neste caso, pela companhia americana.

"A única coisa que lamento é que haja uma defasagem nos calendários dos dois painéis" que instruem as duas queixas, já que o fato de não se ter elaborado ainda o relatório da denúncia da Airbus contra a Boeing "introduz um desequilíbrio".

Gallois insistiu em que os adiantamentos reembolsáveis que os países europeus deram à Airbus para o desenvolvimento de seus aviões "têm uma vantagem, sua transparência", já que "todo o mundo conhece o volume e as condições". Além disso, esses adiantamentos foram reembolsados após o desenvolvimento dos aviões das famílias A320 e A330, disse.

No entanto, Gallois denunciou que, no caso da Boeing, "há um sistema obscuro de subvenções de todo tipo" e o grupo americano recebe dinheiro da Nasa, do Pentágono, dos Estados americanos e inclusive do Japão e da Alemanha. "É um sistema complicado (...) sobre o qual a OMC deverá se pronunciar em virtude da denúncia da União Europeia", concluiu.

Relatório

Fontes ouvidas pelo diário americano "The Wall Street Journal", no entanto, informaram então que a OMC considerou ilegais os subsídios pagos pelos governos europeus à EADS para a produção do modelo A380. De acordo com a fonte, as autoridades comerciais americanas consideraram a decisão uma "grande vitória".

Fontes do bloco europeu, porém, afirmaram que os comentários sobre o apoio à queixa dos EUA são errados e enganosos. Uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters disse que a decisão não é um caso simples em preto e branco e que a alegação de que a OMC decidiu que os subsídios concedidos (pela UE) à Airbus para o jato A380 são ilegais é errada e enganosa.

Empréstimos

Depois que os EUA abriram o caso em 2004, os governos da França, Alemanha, Espanha e Inglaterra continuaram a oferecer os contestados empréstimos de ajuda para lançamentos de produtos da Airbus.

O mais recente projeto da Airbus é o avião de grande porte A350. Representantes da Boeing vinham dizendo acreditar que a OMC congele, a partir do relatório confidencial, os cerca de US$ 4 bilhões em ajuda dos governos europeus para desenvolver o A350.

Em junho, o representante americano de Comércio, Ron Kirk, afirmou que o governo americano levaria ao órgão de solução de disputas da OMC o financiamento dos programas dos aviões A350 e A400M da Airbus se não conseguissem convencer os países europeus a retirar os subsídios.

Fonte: Agência EFE