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Alstom fatura 567 milhões de euros em cinco meses no Brasil

Publicado: 27 Junho, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

A multinacional francesa Alstom não esquecerá tão cedo os primeiros meses de 2007 no Brasil. Em uma seqüência de contratos, a divisão de energia da companhia no país fechou três acordos até maio deste ano que juntos vão acrescentar 567 milhões de euros ao faturamento local do grupo já no ano fiscal 2007/2008. Além disso, todos esses novos negócios firmados terão quase 100% das suas entregas feitas com equipamentos produzidos na unidade de Taubaté, no interior de São Paulo.

Carlos Sicchi, diretor de desenvolvimento de negócios da Alstom no Brasil, conta ao Valor que os contratos vão desde o fornecimento integral de equipamentos para a construção de hidrelétricas até de máquinas para uma termelétrica. 'No entanto, poderemos ter um desempenho maior, caso o projeto da usina hidrelétrica do Rio Madeira saia do papel', lembra o executivo. O empreendimento, que terá duas usinas capazes de gerar 6,48 mil megawatts (MW) de energia, ainda aguarda sinal verde dos órgãos ambientais para que a licitação seja organizada e realizada pelo governo federal.

Um dos acordos, que compõem a cifra milionária, espera apenas a formalização de financiamento para que seja efetivamente contabilizado. No valor de 145 milhões de euros, esse contrato prevê o fornecimento de equipamentos para a usina hidrelétrica de Foz do Chapecó, projeto que tem na CPFL Energia seu principal acionista. Previsto para ficar pronto em 2010, o empreendimento terá potência de 436 MW.

Além dos 145 milhões de euros, a empresa também comemora um acordo firmado com o consórcio responsável pela usina hidrelétrica de Estreito, localizada na divisa entre os estados do Maranhão e Pará, a principal responsável pelo projeto é Tractebel. Previsto também para entrar em operação em 2010, o empreendimento terá capacidade de gerar 1088 MW.

'Esse acordo nos trará uma receita líquida de aproximadamente 92 milhões de euros. E vamos fornecer geradores elétricos, equipamentos hidromecânicos e outros', conta o executivo da Alstom.

A cifra somente alcança os 567 milhões de euros quando se contabiliza o recém-contrato firmado com a siderúrgica Thyssen, que vai construir um empreendimento em Santa Cruz (RJ) para produzir aço. Batizado de Thyssen/CSA, o projeto deverá estar pronto em 2009 e terá capacidade para produzir anualmente 5 milhões de toneladas de aço.

Dentro desse projeto, caberá à Alstom fornecer equipamentos e sistemas para a construção de uma usina térmica de 490 MW, que será responsável por boa parte do abastecimento de energia do complexo. O valor do acordo é de 330 milhões de euros.

De acordo com o projeto, inclusive, o gás que será utilizado para abastecer a térmica virá dos altos fornos da própria siderúrgica, já que a usina deseja utilizar o gás residual do processo fabril para gerar energia. E o excedente será repassado para o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Com tantos acordos já firmados, o executivo da Alstom evita fazer projeções detalhistas sobre o desempenho financeiro, mas assegura que o faturamento da companhia no Brasil deverá dar um salto no ano fiscal 2007/2008. Além de energia, a multinacional também atua no segmento de transportes.

Se no ano fiscal 2006/2007, a receita bruta da Alstom andou por volta dos 600 milhões de euros no Brasil. No atual ano fiscal, o diretor de desenvolvimento de negócio acredita que a receita fique em algo perto de 1 bilhão de euros. No mundo, a multinacional francesa emprega 69 mil pessoas em 70 países e seu faturamento global no ano fiscal 2006/2007 alcançou 14,2 bilhões de euros.

No entanto, apesar de ter sacramentado bons acordos nos primeiros meses do ano, o executivo não esconde que o futuro ainda é repleto de dúvidas. Isso, porque o diretor da Alstom não enxerga novos projetos em andamento na área de energia e ressalta que os acordos fechados agora são fruto de empreitadas antigas. 'No curto prazo, somente enxergamos demandas para as Pequenas Centrais Hidrelétricas e usinas hidrelétricas de médio porte, como de 200 MW', afirma Sicchi.

Mesmo que faltem projetos no Brasil, o executivo assegura que a fábrica de Taubaté não sofrerá com a ausência de empreendimentos. A operação é capaz de atender os pedidos feitos por outras subsidiárias do grupo, como parte de uma política global da empresa que tornou suas fábricas mundiais.

Fonte: Valor