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Alstom vai se preparar para geração de biomassa

Publicado: 11 Abril, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

A multinacional francesa Alstom está de cara nova no Brasil. Depois de ser comandada interinamente por Thibault Desteract nos últimos meses, que também acumulava a função de vice-presidente do grupo para as Américas, a companhia confirmou a contratação de Aloisio Vasconcelos, conforme o Valor antecipou no mês passado.

Oficialmente apresentado ontem à imprensa, Vasconcelos já ocupa a cadeira da presidência desde o dia 2 de abril. Mesmo porque o ex-presidente da estatal de energia Eletrobrás, posto que exerceu até o fim de 2006, tem um rosário de atividades pela frente. Uma delas, por exemplo, é transformar em faturamento uma carteira de pedidos, que atualmente soma R$ 2,4 bilhões. Outro desafio é preparar a companhia para a geração a partir de biomassa.

E a julgar pelos números, a tarefa não será tão simples. Os pedidos representam praticamente dois anos de faturamento da filial brasileira, segundo a receita do último ano fiscal, encerrado início de 2006, que foi de R$ 1,53 bilhão.

Mas assim como no faturamento, os pedidos têm no setor de energia sua principal fonte. E, apesar de a empresa manter sob sigilo o percentual que cabe ao segmento de energia e de transporte nos R$ 2,4 bilhões em carteira, o mesmo não se pode dizer sobre o faturamento. Das vendas registradas no ano fiscal 2005/2006, o segmento de energia abocanhou 65%, e o de transporte ficou com 35%.

O mineiro Vasconcelos, que acumula 30 anos de experiência no setor de energia, está confiante na volta da Alstom ao negócio de geração a partir de biomassa. A empresa tinha uma operação no Brasil, mas a negociou no início desta década com a alemã Siemens. E por força de contrato, o grupo francês é obrigado a ficar afastado desse segmento por um período, cuja duração não é revelada.

Contudo, não é só a biomassa que está no horizonte de Vasconcelos, mas também a hidrelétrica do Rio Madeira. 'Somos a empresa líder em um consórcio montado para o fornecimento de equipamentos', afirma o executivo. Composto por Alstom, Voith Siemens e VA-Tech, esse grupo de fabricantes é o parceiro do consórcio Odebrecht/Furnas que vai disputar a licitação futura do empreendimento.

O interesse na hidrelétrica do Madeira é compreensível. Afinal, só a unidade de Santo Antônio demandará 44 turbinas, sendo que cada uma delas tem a potência de 73 megawatts (MW). Já a segunda unidade, conhecida como Jirau, receberá a instalação de outras 44 turbinas.

Além de observar com cuidado um outro grande projeto hidrelétrico, o de Belo Monte, e também a possibilidade de retomada da construção da usina nuclear de Angra 3, a Alstom, por ora, vai negociando seus equipamentos com quem consegue retirar os projetos de hidrelétricas da gaveta. É o caso, por exemplo, da franco-belga Suez, que controla a Tractebel.

A Suez, que já recebeu sinal verde para tocar sua obra, deverá enviar em breve a ordem de serviço à Alstom e também à Voith Siemens, que são parceiras no fornecimento. De acordo com Marcos Costa, vice-presidente da divisão de energia da Alstom no Brasil, se forem instaladas as oito unidades, o contrato poderá alcançar R$ 1,05 bilhão. O equipamento será fabricado na unidade de Taubaté (SP), onde concentra-se a produção para o segmento de energia. Já a operação do bairro paulistano da Lapa é responsável pelo segmento de transportes.

Fonte: Valor