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Alumar altera turno de trabalho e gera apreensão nos funcionários

Publicado: 03 Outubro, 2005 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

A ansiedade é grande nas dependências do Consórcio de Alumínio do Maranhão (Alumar). A confirmação do investimento de US$ 1,1 bilhão na ampliação da unidade chegou junto com a mudança do sistema de turnos que a empresa adotou este mês. Criado há 17 anos, o turno móvel (em que o funcionário muda de horário de trabalho a cada dois dias) dará lugar ao turno fixo. Serão três turnos de oito horas cada, com jornadas de seis dias e folga de dois. No regime anterior, eram 6 dias de trabalho (em três horários distintos) com 3 dias de descanso. Entre os empregados há o temor de que o novo sistema possa trazer demissões. Na quarta-feira, o sindicato dos metalúrgicos de São Luís promoveu uma manifestação contra a medida no portão principal, atravancando a troca de turnos.

Essa mudança, justifica Nilson de Souza, diretor da Alumar, tem como objetivo remanejar os funcionários para operar as novas instalações. Em novembro, parte da nova linha de produção de alumínio vai começar a funcionar, com a operação de 50 das 100 novas cubas de alumínio líquido. A outra metade ficará pronta em março do ano que vem. Esse projeto teve início em julho do ano passado e vai custar ao todo US$ 130 milhões.

Tão logo fique pronta a linha três da chamada redução de alumínio, a Alumar dará início a ampliação da área de produção de alumina (processamento de bauxita, principal matéria-prima do alumínio). A obra que deverá ficar pronta no fim de 2007, com a criação de 4 mil vagas, diretas e indiretas. A empreitada depende do fim da estação das chuvas, previsto para março, diz Souza.

Dos US$ 1,1 bilhão aplicados na ampliação, entre US$ 750 milhões a US$ 800 milhões serão desembolsados pela americana Alcoa, sócia majoritária no consórcio, com 54% de participação. O restante será cotizado entre os outros parceiros, a Alcan (10%) e BHP Billiton (36%). 'Convencemos e comandamos a obtenção dos investimentos junto aos demais sócios', disse o presidente da Alcoa para a América Latina, Franklin Feder.

As negociações para a compra do maquinário para a Alumar devem começar em breve. Pelo menos 50% dos equipamentos serão importados. É o caso das caldeiras elétricas, usadas no refino da bauxita. Há também a necessidade de novos tanques e calcinadores.

O aumento de 1,5 milhão para 3,5 milhões de toneladas de alumina vai exigir a duplicação do porto da unidade, localizado próximo à foz do rio dos Cachorros. Atualmente são movimentadas no local 4,2 milhões de toneladas de produtos por ano, entre o desembarque de matérias-primas e o embarque de alumina para exportação.

A nova capacidade da Alumar será alimentada, em parte, pela bauxita que extraída da reserva de Juruti, no Pará. Na primeira fase da mina, totalmente pertencente à Alcoa, serão produzidas 2,6 milhões de toneladas a partir de 2008. Entretanto, a jazida será estruturada para produzir a partir de seis milhões de toneladas, podendo ser expandida para 10 milhões. A exploração complementar deve acompanhar as futuras expansões do refino em São Luís. A mina foi dimensionada para abastecer a unidade por pelo menos 50 anos.

Ainda não foi definido se a Alcan e a BHP Billiton comprarão minério vindo de Juruti. Por enquanto, elas serão supridas pela bauxita da Mineração Rio do Norte, também no Pará. Entretanto, Rio do Norte está no limite de sua capacidade, em cerca de 16 milhões de toneladas por ano de bauxita.

Feder não descarta a realização de uma nova fase de investimentos por parte da Alcoa assim que o projeto da ampliação do refino seja concluído, daqui a três anos. A preferência recai sobre uma quarta linha de redução de alumínio, um projeto que o presidente da empresa classifica como 'sonho'.
O obstáculo principal é o fornecimento de energia elétrica, segmento no qual a empresa pretende aplicar pelo menos US$ 600 milhões. A empresa tem participação nas usinas de Machadinho e de Barra Grande, ambas no Rio Grande do Sul, além de fazer parte de outros quatro consórcios que aguardam concessões.

Fonte: Valor