MENU

Após superar concordata, Delphi enfrenta novos desafios nos EUA

Publicado: 05 Junho, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Delphi diz que já gastou mais de US$ 400 milhões taxas legais de falência e espera vendas anuais na casa dos US$ 14 bilhões, reduzindo em mais da metade a receita corrente daquela que foi a maior fornecedora mundial quando se desligou da General Motors, em 1999.

A empresa baseada em Troy, Michigan, entrou na corte de falências em outubro de 2005 e lutou para emergir depois que o crédito se tornou escasso e as vendas veículos diminuíram.

A proposta da empresa de saída Capítulo 11 da Lei de Falências, anunciada na segunda-feira (1), deveria ter sido motivo para festejar, mas aconteceu às escuras no dia em que a GM, sua "empresa mãe" pediu concordata depois de meses de recusa em reconhecer esta opção.

A saída da Delphi da concordata ainda não é um negócio feito. A aprovação final está marcada para o dia 23 de julho na Corte de Falências do Sudeste de Nova Iorque.

Se o plano de reorganização obteve uma vitória na justiça, a falência será oficialmente encerrada e uma nova Delphi terá nascido.

Até essa altura, porém, a empresa está relutante em resposta até mesmo a questões básicas, tais como quantos funcionários a empresa terá em breve e a rentabilidade que será alcançada.

A Delphi vai manter discreta até a aprovação final, porque a sua concordata é indelevelmente ligada à GM.

A GM está em processo de aquisição dos negócios globais da Delphi em direção, bem como fábricas em Kokomo-IN (componentes eletrônicos); Wyoming- MI (válvulas); Lockport-NY (sistemas de ar-condicionado) e Rochester-NY (gestão de sistemas de motores).

Além disso, a GM tem injetado centenas de milhões de dólares na Delphi nos últimos anos para manter vivo o fornecedor e evitar rupturas no fabricante de autopeças nas linhas de montagem.

Desde Maio de 2008, a GM tem enviado à Delphi, montantes que vão de US$ 50 milhões à US$ 650 milhões e fez pagamentos de até US$ 300 milhões, de acordo com o documento de 952 páginas sobre o plano de reestruturação apresentado esta semana pela empresa.

Em 23 de março o Departamento do Tesouro dos EUA notificou à Delphi que não iria aprovar estes primeiros pagamentos da GM até que o governo pudesse rever as novas operações e "diferentes alternativas para o plano emergencial da Delphi para sair do Capítulo 11", publicou um comunicado.

Desde então, a Delphi diz ter estado em "constante negociação" com seus credores "para manter a liquidez, enquanto negocia acordos" que lhe permitam concluir com sucesso a reorganização.

Honorários legais associados com o caso têm sido astronômicos. Além de pagar os seus próprios advogados por hora e por todas as despesas, a Delphi também deve pagar os honorários e as despesas de uma comissão de credores top, tal como designado pelo tribunal.

Entre Outubro de 2005 e Janeiro de 2008, a Delphi diz que gastou US$ 381 milhões para as despesas e gastos jurídicos, e este número subirá significativamente caso as coisas não caminhem bem.

"A Corte de Falências é muito cara", afirma Laura Bartell, professora e especialista em falência da Wayne State University Law School. Todos os honorários devem ser pagos na totalidade pela tesouraria na data em que o tribunal aprovar o encerramento do caso de concordata.

Uma Delphi dramaticamente menor surgirá quando o caso for encerrado.

Três anos atrás, havia 41 plantas da Delphi nos EUA e identificou oito unidades que pretendia manter.

Esta semana o plano de reorganização mostra que a Delphi manterá apenas quatro plantas nos EUA, em Brookhaven- MS; Clinton- MS; Vandalia-OH e Warren-OH. Três das plantas produzem sistemas de chicotes, enquanto a de Vandalia entrega módulos para portas, painéis de instrumentos e sistemas de controle de clima.

A maior parte do que resta da Delphi vai existir no exterior. A nova empresa será controlada pela Parnassus II Holdings LLC, uma unidade de fundos privados, que providenciou US$ 3,6 bilhões em capital além de verbas de emergência.

Entretanto, 18 plantas nos Estados Unidos serão agrupadas em uma nova entidade, a reorganizada DPH Holdings Co., até que possam ser vendidas.

A porta-voz da Delphi, Lindsey Williams, diz que é cedo demais para quebrar a percentagem global de vendas nos EUA para a nova empresa. Os principais produtos permanecerão os elétricos; propulsores; eletrônica e segurança; sistemas térmicos; soluções de produtos e serviços.

O tribunal revela uma estonteante variedade de grandes transações de ações entre GM e Delphi.

Em 30 de setembro, a GM reembolsou a Delphi em US$ 230 milhões referentes a 2007 por conta dos programas especiais de carga horária dos trabalhadores horistas. E no quarto trimestre, a GM reembolsou a Delphi em US$ 68 milhões relacionados a acordos com o sindicato United Auto Workers (UAW), também como parte do programa estabelecido em 2007.

Após a aprovação de um grande acordo de reestruturação em 2008, a Delphi recebeu dinheiro líquido a partir de GM no total de US$ 559 milhões e reconheceu lucros pré-impostos de US$ 355 milhões.

A GM também concordou em reembolsar a Delphi custos de horas de trabalhadas no valor superior a US$ 26 por hora, incluindo contribuições de pensão de horistas. Em 30 de setembro, a GM pagou a Delphi US$ 273 milhões para os custos trabalhistas retroativos de 1º de outubro até 30 de setembro de 2008.

Também em setembro passado, a GM adiantou US$ 210 milhões em capital de giro para recuperação da Delphi, relacionadas às operações globais de nos produtos de direção. Esta operação de direção perdeu US$ 281 milhões em 2006, US$ 677 milhões em 2007 e US$ 34 milhões em 2008, de acordo com o tribunal. Para o primeiro trimestre deste ano, a direção da empresa relata lucros de US$ 31 milhões.

Os sindicatos na Delphi também aprovaram no passado mês de Setembro a transferência de ativos e passivos do plano de pensões para o plano feito pela GM.

A Delphi não fez alguns requisitos mínimos necessários para o plano de contribuições de pensão e, como resultado, o Internal Revenue Service aplicou impostos de US$ 17 milhões e US$ 18 milhões para o ano encerrado em setembro de 2005 e setembro de 2007, respectivamente. O IRS aplicará mais impostos, se os compromissos não forem pagos.

No que diz respeito ao plano de pensão de assalariados, a Delphi enfrenta agora um prazo que vence em 15 de junho para mandar US$ 56 milhões para o fundo ou terá que arcar com mais impostos do IRS no valor de US$ 6 milhões.

Apesar dos seus desafios, Delphi reduziu significativamente com a venda de várias plantas.

Em Fevereiro de 2008, o fornecedor vendeu negócios para o Grupo Renco, que mudou o nome Inteva Produtos LLC. O negócio gerou receitas de US$ 98 milhões.

As operações vendidas deram perdas de US$ 45 milhões em 2006 e US$ 80 milhões em 2007.

Outras vendas da Delphi incluem:

- US$ 7 milhões da Stratec Security Corp em Maio de 2008.

- US$ 18 milhões da Tenneco Automotive Operating Co. Inc. para a fábrica de suspensões Kettering-OH, em Março de 2008.
- US$ 15 milhões da Kyklos Inc. em Abril de 2008.

- US$ 40 milhões da TRW Integrated Chassis Systems LLC para a América do Norte no início de 2008.

- US$ 17 milhões da Bienes Turgon SA para os negócios globais de escapamento (catalisador e coletores de escape).

Os prejuízos líquidos foram de US$ 4,8 bilhões em 2004, US$ 2,4 bilhões em 2005, US$ 5,5 bilhões em 2006 e US$ 3,1 bilhões em 2007, bem como uma perda operacional líquida em 2008 de US$ 1,5 bilhão.

No primeiro trimestre 2009, a Delphi registrou lucro líquido de US$ 556 milhões, mas a perda operacional líquida foi de US$ 534 milhões.

No que diz respeito à rentabilidade futura, Williams diz: "Acreditamos que a Delphi concluiu a parte mais difícil das iniciativas de reestruturação identificadas em 2006 e seu plano de transformação está bem posicionado. O calendário de rentabilidade da Delphi dependerá de uma série de fatores, incluindo o desafiante mercado das indústrias autopeças em que operamos".

Fonte: WardsAuto - tradução de Valter Bittencourt