MENU

Arábia Saudita é eleita para comissão que trata dos direitos das mulheres na ONU

Um dos países do mundo com mais restrições aos direitos das mulheres, Arábia Saudita foi eleita para comissão por voto secreto; Brasil participou de votação.

Publicado: 27 Abril, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Como a votação, que aconteceu no dia 19 de abril em Genebra (Suíça), foi secreta, não é possível saber quem votou a favor ou contra os sauditas. Além disso, só houve sufrágio após um pedido dos Estados Unidos, pois, normalmente, a escolha é feita por aclamação.

Dos 54 membros do Conselho Econômico e Social da ONU, 47 votaram a favor da inclusão da Arábia Saudita. Segundo a organização UN Watch, que monitora as ações da ONU, isso significa que ao menos 15 países que se dizem promotores da igualdade entre gêneros votaram a favor da inclusão dos sauditas.

O Brasil é um dos países que fazem parte do conselho. Consultado por Opera Mundi, o Itamaraty afirmou que, em respeito ao princípio de voto secreto na eleição para a Comissão, "o Brasil, como todos os demais países envolvidos, não divulga em quais candidatos vota".

"Escolher a Arábia Saudita para proteger os direitos das mulheres é como transformar um incendiário em chefe de bombeiros da cidade", diz Hillel Neuer, diretor-executivo da UN Watch. Para ele, a escolha é “absurda e moralmente repreensível”.

“A discriminação contra mulheres é grande e sistemática na lei e na prática. Toda mulher saudita é obrigada ter um guardião masculino, que toma todas as decisões importantes por ela, controlando a vida de uma mulher do nascimento à morte. Por que a ONU escolheu o líder das opressões contra as mulheres para promover equidade de gênero e empoderamento feminino?”, questiona. “Hoje, a ONU enviou uma mensagem de que direitos das mulheres podem ser vendidos por petrodólares e política.”

No país, mulheres são, por exemplo, proibidas de dirigir. Em 2011, uma saudita foi condenada a 10 chibatadas por conduzir um veículo, mas sua sentença foi cancelada pelo então rei Abdullah bin Abdul Aziz.

Além disso, somente em 2015 mulheres foram autorizadas a se candidatarem a postos públicos em eleições. Na época, vários setores conservadores da sociedade saudita viram a medida como uma “intrusão ocidental”.

A monarquia saudita remonta ao ano de 1923 e é regida estritamente pela lei islâmica (“sharia”), conhecida pela segregação de sexos em espaços públicos e restrições de direitos sociais, principalmente os das mulheres.

Em 2016, a Arábia Saudita ficou em 141º lugar entre 144 países no relatório anual do Global Gender Gap, estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial que mede a desigualdade entre mulheres e homens pelo mundo. O país ficou à frente somente de Síria, Paquistão e Iêmen – o Brasil ficou em 79º lugar.

(Fonte: Opera Mundi)