ArcelorMittal aposta na indústria automotiva

As estimativas oficiais sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos são consideradas "conservadoras" pela ArcelorMittal que aposta na manutenção da acelerada produção de automóveis.

A perspectiva foi o que pesou na decisão anunciada ontem de investir US$ 1,2 bilhão para ampliar a produção de aço, com a duplicação da usina de João Monlevade (MG).

A siderúrgica confia que, nos próximos sete anos, seu crescimento será entre 1,5 e duas vezes superior ao do PIB. "Estamos falando em alguma coisa de 8% de crescimento até 2017", afirma o CEO de aços longos para América Central e do Sul, Augusto Espeschit.

É esta segurança que está fazendo a ArcelorMittal dobrar a produção anual de fio-máquina para 2,3 milhões de toneladas. Para isso, irá construir um laminador em Monlevade de olho na indústria associada às montadoras de carros, que utiliza o fiomáquina para fazer pneus, barras e molas de suspensão.

"Não faríamos um investimento desses sem saber a tendência dos nossos clientes", ressalta.

Zona de qualidade

Apesar de o setor siderúrgico começar a se preocupar com a capacidade efetiva de absorção de aço pelo mercado, o CEO da ArcelorMittal considera não haver risco de a empresa sofre com o excesso de oferta.

"Apesar das notícias em nível global (possível desequilíbrio de oferta), há zonas de qualidade", observa Espeschit. Para ele, o nicho de mercado da ArceloMittal no Brasil seria uma dessas áreas. "A usina de Monlevade é 90% voltada para aços especiais, com alto valor agregado, para consumidores muito específicos e com conhecimento embargado altíssimo", afirma.

A característica foi responsável pela superação da crise. "A situação do Brasil é um pouco diferenciada do mercado mundial. Em julho do ano passado, estávamos em franca recuperação, com Monlevade a carga de 100% da capacidade de produção", diz Espeschit.

Fonte: Brasil Econômico