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Ativista alerta que falta de água em São Paulo ainda está longe de ser solucionada

Publicado: 23 Março, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 Prestes a encerrar o verão, estação do ano com maior incidência de chuvas, a situação dos reservatórios de água que abastecem a região metropolitana de São Paulo para o período seco deste ano ainda é pior do que a de 2014, quando a crise hídrica foi deflagrada. “Medidas de contenção de gasto de água devem ser não só mantidas, como intensificadas. E não temos ainda nem um terço do primeiro volume morto recomposto. No mínimo, este ano será tão estressante como foi o ano passado”, alertou Marussia Whately, coordenadora da Aliança pela Água, rede de ONGs e movimentos sociais que propõe ações para enfrentar a situação.

Os sistemas Cantareira (15,8% da capacidade total, considerando duas cotas do volume morto), Alto Tietê (22,2%), Alto Cotia (57,5%) e Rio Claro (40%) estão abaixo do que continham em 19 de março de 2014, quando seus volumes eram de 14,7% – sem o uso do volume morto –, 37,6%, 59% e 87,1%, respectivamente.

Já os sistemas Guarapiranga (78,2%) e Rio Grande (98%) – formado pela represa Billings – estão com água acima do volume de 2014, que era de 76,1% e 93%, respectivamente. No entanto, ambos vêm sendo mais demandados, justamente para suprir regiões antes atendidas pelo Cantareira, o que tem levado a uma redução mais rápida de seus níveis.

“A nossa situação ainda é muito grave. As represas depreciaram muito, as condições climáticas, apesar das chuvas do último período, não favoreceram. E as respostas para a gestão da crise ainda são insuficientes”, ressalta Marussia.

Uma das respostas esperadas pela ativista é o plano de contingência da Sabesp para enfrentamento da seca. Desde o início da crise, esse documento já foi cobrado pela Agência Nacional de Águas (ANA), pelos ministérios públicos estadual e federal, pelos prefeitos da região metropolitana e da capital paulista e pelo Comitê de Crise, criado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a pedido dos prefeitos, em 5 de fevereiro passado.

Na primeira reunião do comitê, em 13 de fevereiro, o governo Alckmin comprometeu-se a apresentar o plano em 30 dias. Que deveria também ser o prazo para realização da segunda reunião do grupo. Passados 34 dias, o plano de contingência não foi apresentado e não há previsão de quando o comitê vai se reunir novamente.

Segundo Marussia, o plano deve apresentar propostas de ações relativas a cada percentual de água nos reservatórios. “Isso é fundamental. Porque não se deve pensar só nas ações para economizar água, mas para suprir a população, os serviços essenciais e o setor produtivo em caso de aumento da escassez. Um plano de contingência vai muito além da Sabesp”, afirmou.

A ativista explicou que é preciso pensar nas ações articuladas com as prefeituras. Se for faltar água em uma região pode-se considerar a decretação de ponto facultativo, alteração no funcionamento das creches, das escolas. E também ações de prevenção em saúde. “O aumento brutal dos casos de dengue devia ter sido previsto ainda no ano passado. Sabendo que faltaria água, era de se esperar que as pessoas fossem armazenar. E nem sempre elas vão ter o cuidado necessário para isso, para evitar a proliferação de mosquitos. Então um plano de contingência deve prever tudo isso”, completou Marussia.

Como parte do enfrentamento da seca, várias entidades preparam manifestações, fóruns, debates e encontros para debater a crise e cobrar do governo Alckmin mais transparência e compromisso com os direitos humanos, para a semana do Dia Mundial da Água – que foi celebrado neste domingo (22).

“As diversas iniciativas ajudam, porque mobilizam e informam diferentes públicos. A falta d’água é do interesse e responsabilidade de todos. Neste momento em que o Brasil se mobiliza por causa de escândalos de corrupção e problemas na economia, é importante que a questão da água não seja colocada em segundo plano”, alertou Marussia.

Na última sexta-feira (20), a Câmara Municipal de São Paulo vai realizar a Virada da Água. A atividade contou  com análises de especialistas e exposição de tecnologias socioambientais como cisternas, biofiltros e compostagem.

“A responsabilidade pela má gestão da Sabesp, e por não ter feito as obras devidas anteriormente, é do governo paulista. Agora é preciso decretar estado de calamidade pública e colocar em prática, com urgência, um plano de contingência”, avaliou o presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT/SP), Adi dos Santos Lima.

(Fonte: Rede Brasil Atual)

CUT