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Autopeças esperam dificuldades nas negociações de acordos salariais

Publicado: 25 Maio, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Após dois anos de reajustes abaixo da inflação, o setor nacional de autopeças espera encontrar dificuldades para fechar os acordos salariais deste ano com as centrais sindicais. Isso porque a inflação medida pelo INPC deve ficar em torno dos 4%, índice bastante baixo, metade do verificado em 2015 e 2016, o que fará os sindicatos pedirem mais. “Uma coisa é negociar com INPC de 7% a 8%, outra é de 3% a 4%. Nossos trabalhadores acham pouco e há dificuldade em conceder qualquer aumento acima da inflação, nossos associados não aceitam nem pequenos arredondamentos para cima”, afirma Adilson Sigarini, diretor de RH da Thyssenkrupp Brasil e conselheiro diretor de relações trabalhistas do Sindipeças, que reúne cerca de 400 fabricantes de componentes no País.

Falando durante o V Fórum de RH na Indústria Automobilística, realizado na segunda-feira (22), em São Paulo, Sigarini mostrou o panorama que deve nortear as negociações do Sindipeças com as principais centrais sindicais do País. As principais datas-base, envolvendo maior número de empresas associadas ao Sindipeças, acontecem no segundo semestre, em setembro com os sindicatos de metalúrgicos ligados à CUT do ABC Paulista, além de Intersindical e Conlutas, principalmente no interior de São Paulo, e em novembro com a Força Sindical.

“Foram concedidos aumentos acima da inflação em sete dos 10 últimos anos, mas isso mudou a partir de 2014, sendo que em 2015 e 2016 concedemos reajustes de 8%, abaixo do INPC desses períodos”, lembra Sigarini. Após atingir 11,3% em 2015 e 6,6% em 2016, o INPC de 12 meses acumulado até abril passado já estava abaixo de 4%, foi de 3,98%, e a expectativa do Sindipeças é que se aproxime mais dos 3% em setembro próximo, quando estão programadas as principais negociações. “Vamos trabalhar com inflação baixa e a tendência é oferecer esse reajuste”, diz o conselheiro do Sindipeças, lembrando que não há espaço para repassar preços aos principais clientes das autopeças, as montadoras.

Outra tendência, segundo admite Sigarini, é tentar negociar com maior extensão. “Com a inflação mais baixa os acordos de dois anos são melhores, garante um horizonte de estabilidade. As montadoras já têm feito isso com competência e o setor de autopeças deve seguir esse caminho.”

Nível de emprego
Segundo dados do Sindipeças, desde 2014 o nível de emprego encolheu significativamente nas fábricas de autopeças, de 205 mil empregados no fim daquele ano para 162 mil em 2016, com o fechamento de 43 mil vagas no período. “Esse número ainda não é proporcional à queda da produção que tivemos, que saiu de cerca de 3 milhões de veículos há dois anos para 2 milhões agora. Por isso este ano, mesmo com a pequena recuperação esperada, o nível de emprego deve andar de lado, com estabilidade”, avalia Sigarini.

O Sindipeças tem expectativa de que a produção de veículos este ano deve crescer apenas 3%, para 2,2 milhões de unidades, abaixo do que projeta a Anfavea, a associação dos fabricantes, que prevê 2,4 milhões, em alta de quase 12% sobre 2016. “Expansão de 2% a 3% é a nossa melhor percepção no mento, chegando a 2,5 milhões de veículos apenas em 2020. Portanto, vamos continuar em patamar muito abaixo da capacidade instalada do País (acima de 4 milhões/ano). A exportação deve ajudar, mas não é realidade em todas as empresas, muitas dependem essencialmente do mercado interno e vão ficar estagnados”, estima Sigarini.

(Fonte: Automotive Business)