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Bens de capital confirmam otimismo com 4º trimestre

Publicado: 06 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Poucos dias após a divulgação de que os investimentos no Produto Interno Bruto (PIB) cresceram pela primeira vez em 15 trimestres, a produção industrial de outubro - o primeiro indicador de atividade econômica do quatro trimestre - renovou o otimismo com o setor. A fabricação de bens de capital, melhor termômetro para os investimentos, cresceu 1,1% frente a setembro e 14,9% na comparação a outubro do ano passado. Este avanço foi disseminado no setor: 56,5% dos itens dessa categoria foram mais produzidos na base anual.

Os bens de capital foram a melhor notícia sobre o desempenho da indústria em outubro. A produção industrial como um todo cresceu 0,2% frente a setembro, pela série livre de efeitos sazonais. A taxa foi considerada modesta por analistas, ligeiramente abaixo da média das projeções (0,3%). Com o resultado, a produção sobe 1,5% no acumulado de 12 meses, segundo mês de taxa positiva por esse indicador e o melhor resultado desde março de 2014 (2,1%).

O aumento da produção de bens de capital em outubro, diz André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria no IBGE, veio especialmente do ramo de equipamentos de transporte, como caminhões. Outro destaque importante foi os bens de capital para a construção, puxados pelas exportações ao mercado argentino. "Os bens de capital para atividade agrícola perderam fôlego, com passagem do pico da safra no primeiro semestre do ano", disse o pesquisador.

Para Artur Passos, economista do Itaú Unibanco, a produção de bens de capital tende a seguir em trajetória de recuperação nos próximo meses. Ele lembrou que o setor registrou queda de 33% durante a recessão, do segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016. Por isso, com a base de comparação mais baixa, o setor exibe agora variações percentuais mais "robustas". Mesmo assim, ele vê uma reação do setor pelos dados da pesquisa.

"Existe um sinal de recuperação pronunciada no setor, que reage de forma mais intensa ao ciclo da economia", disse o economista, para quem essa retomada não dependeria da redução da ociosidade da indústria: "Nossos estudos não veem relação clara entre ociosidade da indústria e investimento. Isso porque é preciso de algum investimento para reduzir a ociosidade, retomar máquinas", acrescentou. Na passagem mensal, 15 dos 24 ramos da indústria geral pesquisados pelo IBGE elevaram sua produção, com destaque para medicamentos (20,3%) e bebidas (4,8%).

Dos 805 produtos acompanhados pelo IBGE, 498 (61,9% do total) tiveram aumento de produção na passagem dos dois meses. Foi o melhor resultado do índice de difusão desde abril de 2013 (66,7%) e o melhor para o mês de outubro ao longo da série iniciada em 2013.

Segundo Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a difusão de taxas positivas é um movimento importante porque aumenta a possibilidade da retroalimentação, com um setor puxando outro e compondo uma engrenagem de recuperação para a indústria. Ele frisa, porém, que o nível de produção ainda está baixo, no patamar do fim de 2015.

"Essa sucessão de variação de 'zero vírgula alguma coisa' não é bom resultado, as variações são muito pequenas. Desde junho e depois de entrar na segunda metade do ano, estamos oscilando muito em torno de zero. A recuperação existe, mas ímpeto não. Ainda estamos presos no fundo do poço", avaliou o economista, acrescentando que a disseminação é a parte boa da história. "O dinamismo é fraco, mas pelo menos vai se difundindo."

Para o quarto trimestre, o desempenho da indústria reforçou a visão de economistas de que a o setor seguirá em gradual recuperação. Helcio Takeda, economista da Pezco, prevê alta de 0,7% da produção industrial no quarto trimestre, frente aos três meses anteriores. Isso sinaliza perda de fôlego frente ao terceiro trimestre (0,9%). "Os bens de capital dão caráter positivo para a desaceleração que a produção deve ter no quarto trimestre" disse.

(Fonte: Valor Econômico)