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Bosch inicia a produção de freios ABS no Brasil

Publicado: 30 Agosto, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Resultado de investimento de R$ 25 milhões, a Bosch passa a produzir o sistema eletrônico antibloqueio de frenagem, o ABS, na fábrica de Campinas, SP. A nova operação inaugura a unidade de negócios de controle de chassi no País que, além do ABS, poderá fabricar nos próximos anos o ESP, controle eletrônico de estabilidade do veículo, segundo Edgar Silva Garbade, presidente da Robert Bosch para a América Latina: 'Para a produção do ESP basta alguns ajustes na linha do ABS. É uma possibilidade para o futuro'.

A Bosch saiu na frente de outros sistemistas que estudavam no ano passado a formação de grupo de empresas para nacionalizar o ABS. Consórcio de cinco montadoras já havia confirmado a utilização do sistema nacional a partir de 2008. Nesse grupo, segundo Bernd Schemer, vice-presidente da unidade de sistemas de controle de chassis, foram incluídos ainda a Toyota e a PSA Peugeot Citroën. 'Estamos em fase final de negociação com os outros fabricantes instalados no Mercosul.'

De acordo com Schemer a principal vantagem da nacionalização é a redução do preço do sistema para a montadora, pois o ABS produzido aqui é o de oitava geração, o mesmo produzido na Alemanha e já utilizado em veículos brasileiros. 'Não posso dizer qual a diferença de preço, até porque fornecíamos o sistema importado para as montadoras. Mas sem dúvida o ABS nacional é bem mais competitivo.'

Veículos da Renault, Toyota, General Motors, Volkswagen, Fiat, Peugeot, Citroën e Daimler utilizam ABS importado. Destes, apenas a Daimler ainda não fechou com a Bosch a compra do sistema nacional.

A fábrica de Campinas tem capacidade para produzir 250 mil sistemas ABS por ano. O índice de nacionalização ainda é baixo, em torno de 20% - o que corresponde basicamente a usinagem e montagem da peça. Todas os componentes são importados, inclusive o bloco de alumínio usinado aqui e o módulo eletrônico de controle, o 'cérebro do ABS', de acordo com Schemer.

'No próximo ano vamos nacionalizar mais componentes, mas antes precisamos ter garantia do volume. A próxima geração do ABS, que chegará em 2011, terá um novo módulo eletrônico, que estudamos nacionalizar. Aí teremos um alto índice de nacionalização.'

Os próximos meses serão utilizados para a homologação do sistema nacional nas plataformas de veículos produzidos no País, segundo o executivo. 'Estamos produzindo para avançarmos nesse processo junto aos nossos clientes. Somente em novembro ou dezembro teremos veículos com o ABS nacional.'

Oportunidade - A Bosch tem mercado enorme para explorar. Segundo as estatísticas apenas 13% dos veículos que estão nas ruas têm o sistema antibloqueio de frenagem. São mais freqüentes em carroçaria de veículos médios e de luxo. Nos modelos pequenos somente as versões topo de linha oferecem como opcional o equipamento de segurança ativa. 'A princípio podemos oferecer o ABS para todos os veículos nacionais. Mas nos modelos pequenos, cujo projeto não previa sua utilização, é necessário estudo para adaptação e homologação.'

Nos Estados Unidos 91% dos veículos saem de fábrica com ABS de série. Na Europa esse índice é de 88%, na China 57% e no Japão 85%. A média mundial é de 70%.

A Bosch realizou pesquisa no Brasil em que a segurança foi citada por 75% dos entrevistados como o principal fator na hora da compra. No entanto, quando questionado qual o item mais desejado, o brasileiro coloca o rádio em primeiro lugar, o ar-condicionado em segundo e o ABS é apenas o sexto. Ou seja, do desejo à efetiva utilização da segurança ativa nos veículos ainda há um enorme abismo.

'Vamos trabalhar em informação e conscientização para mudar essa impressão do consumidor brasileiro. Só assim o índice de utilização do ABS no País atingirá a média mundial.'

Bosch planeja fábrica de air bags

Empresa inaugurou ontem, em Campinas, primeira linha de produção de freios ABS da América do Sul

A Robert Bosch inaugurou ontem em Campinas (SP) a primeira linha de produção de freios ABS na América do Sul e se prepara para montar uma fábrica de air bags, dois itens considerados essenciais na segurança dos veículos, mas ainda caros para o padrão de consumo brasileiro. Para a produção do ABS (sistema antibloqueio de frenagem) foram gastos R$ 25 milhões. Uma unidade de air bags custa menos que isso - mas o valor do investimento ainda está em estudo.

'Estamos discutindo com os clientes a aplicação mais ampla do air bag e, quando houver demanda, vamos investir na produção para atender o mercado nacional. Mas também poderemos exportar', diz Bernd Bohr, presidente mundial da divisão automotiva da Bosch.

Recentemente, a TRW também anunciou que terá uma fábrica de air bags no País em 2008. A Takata, que já produz o equipamento em Jundiaí (SP), tem planos de ampliar a produção em 25%. A Bosch afirma que, para ser viável, a fábrica do grupo precisa ter capacidade para 250 mil unidades anuais. Atualmente, apenas 10% a 18% dos carros novos do País são adquiridos com a bolsa que infla quando há uma forte batida.

A unidade de ABS também tem capacidade para 250 mil peças anuais, mas esse volume deve ser atingido só em 2009. No próximo ano, devem ser produzidas 120 mil unidades, prevê o presidente da Bosch América Latina, Edgar Silva Garbade. Os itens eletrônicos continuarão sendo importados, mas a nacionalização de boa parte do equipamento vai reduzir o custo. Hoje, o sistema importado custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil.

'Certamente vai ficar mais barato, mas o porcentual que será repassado ao consumidor depende de cada montadora', diz Garbade. Atualmente, 13% dos carros novos são adquiridos com ABS. Entre os modelos compactos e populares, o índice cai para 3%. Nos EUA e na Europa, entre 90% e 100% dos carros têm o sistema, enquanto na China o índice de instalação será de 57% este ano.

Garbade calcula que, em três anos, 25% dos carros brasileiros terão ABS. O sistema evita o travamento das rodas na frenagem brusca e permite ao motorista desviar o veículo.

CONFORTO

Pesquisa feita com consumidores pela Bosch mostra que a maioria se preocupa com a segurança. Na prática, porém, escolhe itens de conforto. Entre um grupo de 510 motoristas de várias capitais, 72% citaram a importância do air bag e 41% do ABS. Questionados sobre que itens há em seus carros, mais de 80% citaram CD Player, trio elétrico e ar-condicionado.

A Bosch quer discutir com as montadoras uma estratégia para reduzir o custo do ABS, além de rever a política de vendas. Normalmente, o item é oferecido num pacote que inclui outros opcionais que chegam a representar entre 5% a 50% do valor do carro, no caso de um popular. Muitos modelos não têm o equipamento nem como opcional.

O diretor do Centro de Experimentação e segurança Viária (Cesvi), José Ramalho, diz que o 'Brasil derruba um avião da TAM a cada dois dias', referindo-se às mortes no trânsito. No acidente aéreo, 199 pessoas morreram. Itens de segurança podem ajudar a reduzir essas cifras.

A linha brasileira de ABS é toda automatizada e emprega apenas 50 funcionários. Todos ficaram três meses na Alemanha em treinamento.

A Bosch é a maior fabricante mundial de autopeças. No Brasil, conta com quatro fábricas que produzem diversos componentes. A empresa também é líder em tecnologia flex. O faturamento no País este ano deve ser de R$ 3,8 bilhões - 38% com exportações. Por causa do câmbio, porém, a filial perdeu R$ 300 milhões em contratos de exportação.

Fonte: Autodata e O Estado de S.Paulo