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Carro brasileiro tem papel relevante nas vendas globais

Publicado: 09 Setembro, 2013 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Dos dez carros mais vendidos no Brasil, apenas um, o recém-lançado Ford Fiesta, é produzido e comercializado em diversas regiões do mundo, o que o caracteriza como um carro global. Os demais são fabricados apenas no País e, no máximo, exportados para a América Latina, principalmente para a vizinha Argentina.

Ainda que possam ser considerados defasados em relação aos veículos disponíveis nos países mais desenvolvidos, os automóveis brasileiros têm importante colaboração nas vendas globais das montadoras.

Uno e Palio são os carros mais vendidos pela Fiat no mundo. No Brasil, ocupam a segunda e a terceira posição no ranking de vendas. Na sequência da lista global da Fiat estão os modelos 500, Punto e Panda.

O Volkswagen Gol, líder do mercado brasileiro há 26 anos, está em sétimo lugar na lista geral da Volkswagen, que tem à frente Golf, Passat, Jetta, Tiguan, Polo e Lavida.
Recentemente, ao divulgar o balanço de vendas do semestre, a General Motors informou que o Onix brasileiro ajudou a marca Chevrolet a registrar venda recorde de 2,5 milhões de veículos em todo o mundo.

O modelo, lançado em outubro do ano passado, está no topo da lista da GM no Brasil e é o sétimo no ranking dos mais vendidos localmente. Na lista global, que tem o Cruze como campeão, o Onix aparece em 13.º lugar. Criado em uma plataforma global, o hatch por enquanto só é fabricado no Brasil.

New Fiesta
Já o Fiesta, único entre os dez mais vendidos no Brasil que é similar à versão feita na Alemanha, China, Tailândia e México, participa com 20% das vendas mundiais do modelo. O modelo está no topo da lista da Ford no Brasil e no segundo lugar no mundo, atrás apenas do Focus. A Ford brasileira, contudo, soma as vendas da nova versão, lançada em março, com as da antiga.

"Nós ainda vivemos da herança do passado", constata Ricardo Reimer, presidente da Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE Brasil). Para ele, o Brasil está avançando no uso de plataformas globais (uma mesma base em todos os mercados), mas precisará de pelo menos mais dez anos para se equiparar aos países desenvolvidos.

Ele acredita, contudo, que em cinco anos já haverá mudanças significativas nos carros brasileiros, com uma migração maior de modelos regionais para globais. Vão contribuir para essa evolução as novas montadoras que estão se instalando no País e que iniciarão operações com a produção de modelos mundiais.

Na avaliação de Reimer, enquanto houver demanda significativa para um determinado modelo, mais tempo a montadora vai levar para substituí-lo por outro mais moderno. O preço é outro fator que pode manter um carro mais tempo em linha.

O Gol, da Volkswagen, por exemplo, é líder de vendas há mais de duas décadas e, embora tenha passado por mudanças, é feito numa base defasada.

Fontes do mercado informam que a sexta geração do Gol usará uma plataforma global, cuja vantagem é a redução de custos. Antes disso, a fabricante lança no Brasil, no próximo ano o global up!, compacto à venda na Europa e que na versão local passou por algumas mudanças, como o vidro traseiro mais estreito.

Uma mesma plataforma pode gerar modelos de diferentes segmentos, como compactos, sedãs, utilitários e picapes e o desenvolvimento é único. A matriz ou uma subsidiária é escolhida para desenvolver a base, que depois é usada em diferentes mercados.

"Até 2015, todos os carros da Ford no Brasil serão feitos em plataformas globais", afirma o vice-presidente da Ford, Rogelio Golfarb. Além do novo Fiesta, a montadora produz no País o EcoSport, cuja plataforma foi desenvolvida por engenheiros do Brasil e dos EUA. Índia, Tailândia, China e Rússia também produzem o utilitário.

Fiat é a que mais ajuda a matriz
Como quarto maior mercado mundial de veículos, com 1,8 milhão de unidades vendidas na primeira metade do ano, o Brasil "é importante para a estratégia global das companhias por causa do tamanho do mercado", diz o sócio da consultoria Roland Berger, Stephan Keese. A indústria automobilística espera vender mais de 3,8 milhões de veículos neste ano.

A subsidiária brasileira que mais ajuda a matriz é a da Fiat, que respondeu, no primeiro semestre, por 17,7% das vendas globais da empresa, de 2,17 milhões de unidades, segundo dados compilados pela Roland Berger a pedido do Estado. No mesmo período de 2012, a participação era de 19,5%. Em 2001, 7,2%. Com a crise na Europa, que levou ao fechamento de várias fábricas na Itália, o Brasil, que já era importante, transformou-se em pilar. "A Fiat sem o Brasil quebraria", afirma Keese.

A subsidiária brasileira contribuiu com 7,4% das vendas totais da Volkswagen no primeiro semestre (4,7 milhões de unidades), porcentual próximo ao de 2001 (7,2%) e menor que o de um ano atrás (8,6%).

"A Volkswagen do Brasil terá papel-chave para o grupo atingir seu objetivo de produzir 10 milhões de veículos até 2018", ressalta Keese. O grupo alemão quer ser o maior fabricante mundial de veículos e fixou como meta para o Brasil 1 milhão de unidades nesse período.

A GM brasileira vendeu 7,8% do total de 4 milhões de veículos comercializados pelo grupo globalmente, ante 8,4% no período de janeiro a junho de 2012 e apenas 2,6% em 2001.

A fatia da Ford do Brasil no desempenho mundial, que vendeu 2,8 milhões de veículos este ano, foi de 5,7%. Há um ano, a contribuição foi de 6,1%, mas, em 2001, não passou de 1,6%. Para o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb, "o Brasil é um país onde a competição é muito feroz e, por isso, ter sucesso aqui é muito importante para o grupo".

(Fonte: Cleide Silva - O Estado de S.Paulo)