MENU

Combate ao racismo é tema de intercâmbio sindical entre trabalhadores do Brasil e EUA

Publicado: 26 Abril, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: CNM/CUT
Metalúrgicos do Brasil e EUA se encontram na sede da CNM/CUT para trocar experiênciasMetalúrgicos do Brasil e EUA se encontram na sede da CNM/CUT para trocar experiências
Metalúrgicos do Brasil e EUA no intercâmbio de combate ao racismo

Desigualdade salarial, trabalho mais precário e rotatividade. Esses são alguns dos problemas que os metalúrgicos negros do Brasil e Estados Unidos enfrentam no mercado de trabalho, de acordo com a análise dos sindicalistas que participaram do intercâmbio sindical de combate ao racismo. Iniciada ontem (25), o evento terminou na tarde desta terça-feira (26) e aconteceu na sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em São Bernardo do Campo (SP).

A atividade foi promovida pelo United Steelworkers (USW), que representa mais de 700 mil trabalhadores metalúrgicos do setor siderúrgico nos Estados Unidos e Canadá, com apoio da Secretaria de Igualdade Racial da CNM/CUT.

Na avaliação da secretária da pasta, Christiane dos Santos, a solidariedade entre os trabalhadores é essencial para desconstruir o racismo institucional que existe em vários países. “Por aqui, muitas vezes não temos a percepção real do racismo embutido nas instituições públicas e privadas, porque o Brasil cresceu com o mito da democracia racial. Mas nós, do movimento sindical, precisamos desmascarar este racismo velado nas empresas. A batalha contra o racismo é internacional e esta parceria fortalece ainda mais nossa luta contra este mal da sociedade”, garantiu. 

Crédito: CNM/CUT
Paulo Cayres (em pé) Paulo Cayres (em pé)
Paulo Cayres (em pé) ao lado de Christiane dos Santos e Fred Redmond

Abrindo o evento, o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, lembrou do momento político que o Brasil atravessa e o quanto o ódio está sendo disseminado pela "elite branca" que quer acabar com direitos como as cotas raciais nas universidades públicas, com a inclusão social que permite "que filho de faxineira vire doutor". Para ele, o ataque à democracia perpetrado pela elite empresarial e partidos conservadores fez aflorar o preconceito racial que estava velado no país. "Lutar em defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma Rousseff é lutar para combater o racismo e a discriminação contra pobres", destacou.

Em sua intervenção, o vice-presidente do USW, Fred Redmond, falou das lutas do movimento negro nos Estados Unidos e destacou a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, liderada por Martin Luther King, em 1963. “Foi a partir desta Marcha que em 1964, o Congresso americano aprovou a Lei dos Direitos Civis, que proíbe todas as formas de discriminação contra as minorias raciais, étnicas, religiosas e de gênero”, contou. “Existe esta lei contra a discriminação, mas ainda há muita resistência por parte das empresas em acatá-la efetivamente”, completou.

Ainda de acordo com Redmond, as leis trabalhistas nos Estados Unidos são as mais retrógradas do mundo. “A lei não apoia a sindicalização dos trabalhadores nas fábricas. Pelo contrário, as empresas pressionam os funcionários para impedir que eles se associem às entidades sindicais. Este modelo contribui para a precarização do trabalho e é usado como paradigma para os demais países, mas nós não queremos esta terrível realidade para nossos irmãos brasileiros”, finalizou.

Já para a secretária de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Maria Júlia Reis Nogueira, a exclusão social imposta aos negros durante séculos ainda é realidade nos dias atuais. “A abolição não assegurou ao povo negro condições de inclusão na sociedade de forma digna. E é no mercado de trabalho que os negros percebem o preconceito racial, sem contar a violência com a população negra. A cada três pessoas assassinadas, duas são negras. A solução para tudo isso está na educação e na igualdade de oportunidade para todos”, assegurou.

Crédito: CNM/CUT
- -
 Encontro aconteceu na sede da CNM/CUT


No coup in Brazil
Com cartazes “Stop Coup in Brazil” (Pare o Golpe no Brasil), os dirigentes norte-americanos prestaram solidariedade à presidenta Dilma Rousseff, eleita legitimamente por 54,5 milhões de brasileiros. 

Crédito: CNM/CUT
Norte-americanos e secretária de Igualdade Racial (centro) contra o golpe no BrasilNorte-americanos e secretária de Igualdade Racial (centro) contra o golpe no Brasil
Norte-americanos e secretária de Igualdade Racial (centro) contra o golpe no Brasil


“Repudiamos esta tentativa de golpe contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Somos solidários ao povo brasileiro que elegeu a primeira mulher presidente no Brasil”, reforçou Redmond.

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)