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Condenação de Lula faz parte dos ataques aos trabalhadores, diz doméstica

Publicado: 01 Agosto, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A condenação do ex-presidente Lula, a aprovação da reforma trabalhista e a tentativa do governo de retomar a pauta da reforma da Previdência  têm tomado conta do noticiário e se tornado assunto principal dos debates. Na opinião de muitos brasileiros os assuntos estão interligados a um projeto político que tem por objetivo retirar direitos dos trabalhadores.

Para a estudante de direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ethiene Wenceslau, o que está em jogo são dois modelos de governo muito diferentes. “Está claro que há um plano, que começou com o impeachment da presidente Dilma e está sendo cumprido. Estão nos retirando direitos e tentando fazer com que Lula não volte a ser presidente”, afirma.

Moradora de Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio, a  jovem é ex-beneficiária do Bolsa Família e a primeira em sua família a ter acesso ao ensino superior. A entrada na universidade pública foi possível pelas cotas.

Ethiene que viu a vida de sua família mudar depois de ter acesso aos programas sociais desenvolvidos na última década, agora  sente na pele a crise econômica e os impactos das reformas do governo Temer. Ela está procurando o primeiro emprego como advogada há alguns meses, sem sucesso. “Por isso, resolvi atrasar a formatura e continuar como estagiária. Não posso ficar sem salário. Está muito difícil. Essas reformas beneficiam mais o empregador do que o trabalhador, isso está muito claro”, afirma.

Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de Nova Iguaçu, Cleide Pinto, todos os avanços que a categoria conseguiu a partir do governo Lula estão sendo rasgados. “Acabamos de conquistar nossos mínimos direitos e não poderemos desfrutar. Eles dizem que é reforma mas para mim tem outro nome, é mais um golpe. Com as novas regras, a escravidão vai voltar”, diz a emprega doméstica.

Na avaliação da historiadora Nathália Sanglard, o modelo político de Lula e Dilma, de conciliação com as classes dirigentes, para a manutenção de um estado de bem-estar social, foi rompido. “Hoje o ilegítimo presidente Temer governa para privilegiar ainda mais as classes dominantes. Não gratuitamente, todas as reformas implementadas até aqui desestruturam, em especial, a educação, a saúde e o mundo do trabalho. Estamos passando pelo processo mais radical de regressão social, com uma taxa de desemprego recorde e com a destruição dos direitos trabalhistas”, explica.

Cleide destaca que há um golpe político que se concretiza com a tentativa de tirar Lula da disputa eleitoral. “Querem impedir a gente de mostrar nas urnas quem a gente quer eleger para presidente mais uma vez. Mas não desistimos, estamos indo para a rua, gritando e lutando contra as reformas e contra Temer. Não estamos de braços cruzados. Enquanto há vida, há esperança”, conclui a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos de Nova Iguaçu.

(Fonte: Mariana Pitasse - Brasil de Fato)