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CSN amarra contrato de venda de 34 anos ao consórcio asiático

Publicado: 22 Outubro, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Além de vender 40% do capital da controlada Namisa ao grupo nipo-coreano liderado pela trading Itochu por US$ 3,12 bilhões, a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) negociou um contrato de fornecimento de minério a seus seis sócios japoneses e um coreano pelo prazo de 34 anos. A Namisa venderá minério de ferro próprio e de terceiros, incluindo sua controladora CSN, que transferirá produto de Casa de Pedra. 

O consórcio asiático é composto, além da Itochu, dona de 40% de participação, pelas siderúrgicas japonesas Nippon Steel, JFE Steel, Sumitomo Metals, Kobe Steel e Nisshin Steel e pela sul-coreana Posco. Do valor que o grupo irá desembolsar, US$ 3 bilhões farão parte de um aumento de capital (emissão primária de ações ON) da Namisa e US$ 120 milhões serão usados para comprar ações já existentes da mineradora. Criada em 2006, a Namisa opera várias minas na região do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. 

Conforme comunicado da CSN divulgado ontem, a operação será concluída no fim de novembro, com pagamento à vista. Até lá, a companhia siderúrgica fará um aumento de capital na Namisa por meio do aporte de 10% de ações preferenciais classe A que detém da controlada MRS Logística, ferrovia que faz o transporte de minério tanto de Casa de Pedra quanto da Namisa até o porto. A operação com os asiáticos incluiu essa participação, serviços portuários em Sepetiba (RJ), o transporte do minério por meio da MRS e os contratos "offtake" de minério. 

Do montante total a ser recebido pela siderúrgica comandada por Benjamin Steinbruch, executivo e principal acionista, US$ 3 bilhões serão imediatamente repassados pela Namisa à CSN em forma de pré-pagamento "de parte dos valores pactuados" para a compra de minério bruto oriundo da mina Casa de Pedra. De posse desse minério, a Namisa o beneficiará em suas próprias instalações, segundo fato relevante publicado pela CSN, que ficará com 60% do capital total da empresa. 

Procurada, a CSN informou que não forneceria mais informações além das que continha o fato relevante. Nem a tradicional conferência com analistas de mercado a empresa teria feito ontem. 

Não ficou claro quanto os sócios asiáticos levarão para si de minério próprio da Namisa e quanto de material oriundo da mina Casa de Pedra, adquirido e beneficiado pela Namisa, pois a operação envolve contratos de retirada na forma de "take" societário e contrato paralelo ("offtake") para cada uma das seis siderúrgicas. O comunicado informa apenas que a Namisa terá vendas de 18 milhões em 2009 e planeja atingir 38 milhões de toneladas após 2013. O Valor apurou que o preço do minério terá como base o do mercado da Ásia. 

Segundo dados de apresentação recente da CSN, a Namisa irá produzir 16,5 milhões de toneladas quando estiver em plena operação, em 2011. A diferença viria de terceiros, a maior parte de Casa de Pedra. Segundo especialistas, o "pulo do gato" da operação amarrada por Steinbruch foi garantir contratos de longo prazo com as usinas do Japão e Coréia do Sul e com a Itochu, líder do consórcio. 

No momento, a CSN é alvo de uma ação da Vale que pede indenização pelo fim de seu direito de preferência sobre o minério excedente de Casa de Pedra, suspenso pelo Cade, órgão antitruste. Ontem, as ações da CSN fecharam em queda de 6,56%.

Fonte: Valor

CSN