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CSN pode perder R$ 1,2 bilhão em operações de derivativos

Publicado: 30 Setembro, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As perdas da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com operações de derivativos ligados às cotações das suas ações no exterior (ADRs), estimadas pelo banco JPMorgan em US$ 600 milhões (o equivalente a cerca de R$ 1,2 bi), não representam necessariamente um prejuízo para a companhia. Segundo o analista do JPMorgan Rodolfo Angele, mesmo que a CSN optasse por liquidar imediatamente as operações com derivativos ligados aos preços das suas ADRs, o resultado líquido seria positivo para a empresa, que já obteve ganhos não realizados de R$ 2 bilhões desde o início dessa operação, em 2003.

Em relatório divulgado na sexta-feira, o banco informou que a siderúrgica perdeu US$ 600 milhões com esses contratos de derivativos por causa da queda de 45% nas cotações das ADRs no terceiro trimestre deste ano. No entanto, essas perdas não terão efeito no caixa, porque não foram liquidadas. No primeiro semestre de 2008, esse tipo de operação rendeu à empresa ganhos de US$ 300 milhões.

Segundo o banco, o uso de derivativos por empresas do setor de metais brasileiro não é uma fonte de preocupação, mesmo no caso da CSN. "O problema é o uso impróprio desses instrumentos", afirmou Angele. "As companhias de siderurgia e mineração estão usando os derivativos como instrumentos de segurança. Por isso, não correm o risco de apresentar perdas substanciais."

A CSN informou, por meio de fato relevante ao mercado financeiro, que a operação de "equity swap" ligada à cotação de suas ADRs, realizada pela companhia, gerou um resultado financeiro positivo em torno de US$ 845 milhões em cinco anos. O período da operação é de 2 de abril de 2003 a 26 de setembro de 2008.

A operação de swap prevê uma troca: a CSN paga a uma contraparte a variação de uma taxa de juros sobre certo valor em dólar e recebe o equivalente à valorização das suas ADRs na bolsa dos EUA.

No fato relevante, a CSN negou ter operações alavancadas com derivativos de câmbio ou taxas de juro. Na semana passada, a Sadia anunciou um prejuízo financeiro de R$ 760 milhões com operações alavancadas de derivativos de câmbio, provocando incerteza no mercado sobre a política de hedge (proteção) cambial das demais empresas exportadoras.

Gerdau, Dasa e OHL também negam exposição

As companhias abertas que atuam no Brasil seguem divulgando comunicados aos seus acionistas para assegurá-los de que não possuem posições alavancadas ou de risco com uso de instrumentos derivativos. A idéia é deixar claro que elas não correm risco de apresentar grandes perdas financeiras com a turbulência no mercado, como ocorreu com a Sadia e a Aracruz.

Na tarde de hoje, Gerdau, Dasa e OHL informaram que não possuem exposição a risco com esses tipos de contratos financeiros. Mais cedo, Suzano Papel e Celulose e Lupatech tinham tomado a mesma atitude.

Na sexta-feira, Vale, Embraer, Klabin, Perdigão, Marcopolo, Minerva, Marfrig, Cosan, SLC Agrícola, PDG Realty e Invest Tur divulgaram comunicados ao mercado para negar exposição alavancada a derivativos.

O Grupo Gerdau disse que "não tem contratado e nem pratica operações de derivativos de câmbio ou aplicações financeiras especulativas lastreadas em risco e/ou alavancadas".

A Dasa disse que tem uma captação externa de US$ 250 milhões, mas que contratos de swap permitem que o indexador da dívida seja 103,6% da variação do CDI.

A OHL afirmou que suas operações estão concentradas no mercado doméstico e que todo seu caixa está aplicado em bancos de primeira linha através de instrumentos com liquidez e em moeda local.

Fonte: O Estado de São Paulo e Valor

CSN