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CUT discute rearticulação entre as lutas da esquerda brasileira e do movimento negro

Publicado: 14 Julho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Roberto Parizotti
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 Atividade definirá ações e demandas para combater racismo 

Nesta quarta-feira (13), em São Paulo, durante o encontro do Coletivo Nacional de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), militantes do movimento negro e ativistas discutiram a necessidade da rearticulação entre as lutas da esquerda brasileira e do movimento negro.

A atividade segue até esta sexta-feira (15) com dirigentes das CUTs estaduais e Ramos, na capital paulista, e definirá o planejamento, ações e demandas da central para o próximo período.

“A esquerda não compreendeu o racismo, deixaram de dar espaço para a juventude e as mulheres. Temos que preparar e trazer essa juventude para os espaços de poder”, afirmou a presidenta da Fundação Palmares, Maria Aparecida Abreu.

O tema tornou-se ponto central durante durante a mesa que debateu as “As políticas de ações afirmativas no Brasil e as lutas”.

O professor e militante do movimento negro, Douglas Belchior, também concorda que reorganizar a esquerda passa “obrigatoriamente” pelo povo negro, que é a classe trabalhadora na sua maioria. “As novas gerações não conseguem se relacionar com o campo de esquerda, entretanto, não existe outro lugar de reorganização política da negritude se não a esquerda”, disse.

A secretária de Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Christiane dos Santos, também está participando da atividade. 

Racismo estrutural, institucional e econômico
O racismo estrutural está em todos os espaços de poder e se manifesta no funcionamento das empresas, instituições ou organizações ao provocar desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e oportunidades para a população negra.

“Quando se fala em discriminação racial e de gênero, a mulher negra aparece numa condição muito pior”, definiu a secretária-adjunta de Mulheres da Prefeitura de São Paulo, Dulce Xavier.  “É impossível falar da condição que a mulher vive sem falar da discriminação racial”, disse, realçando que a população negra enfrenta mais dificuldades para conseguir emprego e recebe salários menores.

De acordo com um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado em 2013, os negros recebem, em média, 63,89% do salários dos não negros e se concentram em sua maioria no setor de serviços, sendo 56,1% dos trabalhadores no País.

Para a secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Maria Julia Nogueira, as mulheres negras lideram os postos mais precários de trabalho. “Mais de 70% dos postos de trabalho precarizados são ocupados por negros. E quando se fala da mulher negra é pior, porque sofre dupla discriminação, por ser negra e mulher”, falou a dirigente.

Mito da democracia racial
O secretário geral da CUT, Sérgio Nobre, ressaltou que foi o mito da democracia racial no país é facilmente derrubado com uma observação um pouco mais atento das assembleias e postos nas montadoras. “Quando vamos fazer assembleia nas portas das fábricas, percebemos que a maioria dos trabalhadores são negros e na chefia são brancos. O preconceito racial existe, sim, e não é só aqui”.

Crédito: Roberto Parizotti
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Nobre destacou o mito da democracia racial 

“Na história social do Brasil, ao contrário do que se fala, que somos um povo pacifico, é o país que comete mais violência contra negros”, avalia o presidente da CUFA (Central Única das Favelas), Preto Zezé. Ele diz ainda que uma das características perversa do racismo é naturalizar a violência contra jovens negros nas periferias.

“Naturalizam a morte de jovens negros aqui, enquanto nos Estados Unidos as pessoas estão indo para a rua protestar contra o assassinato de negros pela polícia”, comparou.

Homenagem à Luiza Bairros
Durante a atividade, houve homenagens à ex-ministra da Igualdade Racial do primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, Luiza Bairros, que faleceu nesta terça-feira (12), em Porto Alegre, vítima de um câncer no pulmão. Luiza foi uma importante líder que teve todo o seu histórico de militância negra e feminista construído na Bahia. Tornou-se secretária de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), em agosto de 2008.

(Fonte: Walber Pinto, CUT Nacional, com informações da assessoria de imprensa da CNM/CUT)

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