MENU

Dana cria novos turnos para exportar

Multinacional planeja elevar as vendas externas para 30% de toda a sua produção no País.

Publicado: 31 Agosto, 2004 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Dana, uma das maiores fornecedoras de conjuntos completos para a indústria automobilística, pretende aumentar a participação das exportações nos resultados da empresa no Brasil. Do faturamento de US$ 540 milhões previsto para este ano, 22% serão garantidos pelas vendas ao mercado externo.

'A estratégia é que as exportações representem 1/3 dos negócios da companhia no Brasil', diz o presidente da empresa, Hugo Ferreira. Para 2005, dos US$ 600 milhões estimados, 28% serão provenientes de negócios fechados no exterior. Em 2006, a meta é que as exportações representem 30% dos resultados. 'Quero que o terceiro turno da unidade de Diadema seja dedicado à exportação', disse Ferreira. Das cinco fábricas que mantém no Brasil, a que mais exporta é a de Gravataí - a Dana Albarus -, que faz eixo cardan, junta de motor, anel de pistão, eixo e transmissão para veículos fora-de-estrada e bronzinas.

Na fábrica de Diadema, no ABC Paulista, a Dana está investindo US$ 7,5 milhões para aumentar a capacidade e evitar os estrangulamentos de produção. Nesta fábrica, que produz amortecedores, bombas de combustível, bombas de óleo, componentes de suspensão, componentes para sistema de freio, ar condicionado e direção hidráulica, já foi implantado o quarto turno de trabalho para atender o aumento de pedidos tanto do mercado interno, quanto do exterior. 'Enquanto os chineses dormem estou aqui trabalhando e competindo com eles', disse Ferreira.

Segundo o presidente da Dana, o setor que está mais estimulando o aumento da demanda é o de veículos comerciais, que representa 80% do faturamento total da companhia no País. 'Mas a empresa está investindo no segmento de automóveis e isso fará com que a participação dos veículos comerciais fique em 60% e a de automóveis suba para 40%, assim, teremos um salto de volume no País', comentou Ferreira.

Expansão em 2005

A estimativa de Hugo Ferreira é que a indústria automobilística cresça um pouco mais em 2005. 'Estamos apostando num crescimento de 8%, de 2,1 milhões para 2,3 milhões de veículos produzidos', destacou, lembrando que a Dana tem capacidade de produção para atender um volume de até 2,6 milhões. 'Temos muitos fornecedores pequenos que nos limitam suas entregas por falta de capacidade e se negam a fazer investimento porque não estão ganhando dinheiro', comentou Ferreira.

Mas, como desatar esse nó? 'Houve uma oportunidade perdida por parte das montadoras com a negociação do PIS/Cofins. Elas poderiam ter repassado alguns pontinhos da rentabilidade para toda a cadeia do setor, pois se a montadora quiser crescer e convencer seus fornecedores a investir para aumentar a capacidade terá que remunerar melhor os seus fornecedores', disse o presidente da Dana.

A Dana do Brasil, que emprega 4,7 mil funcionários - 500 foram contratados neste ano -, contribui com 7% ao resultado financeiro do grupo - que completou 100 anos no dia 28 deste mês - e que fatura US$ 8 bilhões no mundo. Do investimento total, que varia de US$ 250 milhões a US$ 300 milhões por ano no mundo, o Brasil fica com 2,5%.'Em 2005 queremos pelo menos US$ 15 milhões de investimentos para o País', disse Hugo Ferreira.

Perdas financeiras

Desde que chegou ao Brasil, em 1954 - quando fechou a primeira parceria com a Albarus, empresa gaúcha que fazia cruzeta para cardan de forma artesanal -, a Dana só perdeu dinheiro nos anos 90. 'Estamos perdendo novos programas de exportação para 2007 por causa do preço do aço, que não dá competitividade para a companhia do Brasil em relação a outras empresas do grupo no mundo, como as da China, Índia e México', disse Ferreira.

Além da disputa internacional, o presidente da Dana também demonstra preocupação com o futuro do setor automotivo brasileiro. 'O Brasil vai perder com a renovação de quatro modelos - VW Golf, Audi A3, GM Vectra e Mercedes Classe A. 'A saída desses veículos fará com que a indústria automobilística fique somente com carros pequenos, o que não interessa para o mercado externo. 'Se não se consegue colocar um produto lá fora como gerar divisas para o País? A longo prazo poderemos ter a volta das carroças', calcula o presidente da Dana.

Com presença em todas as montadoras brasileiras, a única atuação da Dana como sistemista é por meio de parceiras. Para a fábrica da Volkswagen, em Taubaté (SP), a empresa fornece módulos de suspensão para o Gol numa operação conjunta com a TRW, conhecida no mercado por Sistemas Modulares (SM). Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a Dana mantém joint-venture com a TRW e a Krupp, numa empresa denominada ABC Sistemas Modulares, que abastece com sistema de suspensão a fábrica da General Motors de São Caetano do Sul, no ABC.

Outra operação como sistemista é na unidade de Araucária (PR), que faz a montagem de chassis de caminhões e ônibus, que são produzidos em Osasco (SP). Esta divisão abastece 100% da linha de montagem da Volvo Caminhões.

Fonte: Gazeta Mercantil