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Pesquisa: aprovação à nova Previdência cresce, mas rejeição segue maior

Publicado: 14 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O governo desistiu ontem (13)  de votar a reforma da Previdência ainda neste ano. Houve alguns titubeios e negativas do Planalto. Mas no final da noite ficou claro que o projeto ficou mesmo para outro momento. Os deputados e os senadores aprovaram o Orçamento de 2018. Brasília agora ficará vazia. Não haverá quorum para analisar a emenda constitucional que mudará o sistema de aposentadorias.

Faltou apoio suficiente na Câmara dos Deputados. Não haveria mais tempo para obter os 308 votos, o mínimo necessário para aprovar a reforma.

É fácil entender a decisão do governo observando o resultado da pesquisa DataPoder360 realizada de 8 a 11 de dezembro de 2017. O apoio da população à mudança do sistema está aumentando, mas em ritmo ainda lento e sem conseguir suplantar o grupo contrário.

O público que se posiciona a favor da reforma da Previdência representava apenas 24% da sociedade em abril. O percentual foi a 32% em novembro (quando o governo passou a fazer comerciais na TV explicando o projeto segundo o ponto de vista do Planalto). Agora, já são 37% os brasileiros que dizem ser a favor de 1 novo sistema de aposentadorias.

É uma alta considerável do apoio. Mas, então, qual é o problema? Há ainda uma sólida maioria da população contrária à reforma. Em abril, eram 66%. Em novembro e em dezembro, houve queda para 51% e 52%, respectivamente. São percentuais ainda altos e que parecem estar estabilizados na redondeza dos 50%.

A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. Foram entrevistadas 1.155 pessoas em 118 municípios.

A campanha do governo do presidente Michel Temer está conseguindo aumentar os apoios ao projeto. São pessoas que estavam menos informadas e que estão se convencendo da necessidade da mudança. Ou alguns que eram contra e agora estão mais sensíveis aos argumentos do Planalto.

Há 1 indício, entretanto, de que a partir de agora será necessário 1 bombardeio mais forte para fazer com que essas curvas se invertam –fazendo com que o grupo a favor ultrapasse os “do contra”. Esse tipo de ambiente na sociedade certamente ajudaria ao Planalto na hora de convencer deputados.

Como se trata de tema complexo, o ponto chave agora é disseminar de maneira clara as informações sobre os detalhes da reforma. Segundo o DataPoder360, há 17% dos brasileiros que se dizem pouco informados sobre o assunto. Outros 54% estão “mais ou menos” informados. E apenas 19% afirmam conhecer bem esse debate.

Uma prova de que a propaganda de Michel Temer está sendo eficaz: entre os que se dizem bem informados, 46% declaram ser a favor da reforma da Previdência.

Já no grupo dos pouco informados, sobe para 61% a rejeição ao projeto de 1 novo sistema da aposentadoria.

Tudo considerado: o Planalto agora tem até fevereiro de 2018 para tentar recolocar o tema em pauta. Fazer propaganda a favor da reforma é algo exequível. A intangibilidade estará no fato de que o ano que vem é eleitoral e dificilmente o Congresso andará antes do Carnaval –de 10 a 13 de fevereiro.

Deputados e senadores tendem a ficar mais sensíveis quando precisam votar temas polêmicos em ano de eleição. De 1 lado, pode até haver mais brasileiros a favor da reforma. De outro, a oposição também terá tempo de divulgar sua versão antirreforma e assim tentar evitar a desagregação do eleitorado contrário ao projeto.

DEMOGRAFIA
As regiões do país onde há mais pessoas contra a reforma da Previdência são Centro-Oeste (58%) e Norte (55%). Nas demais (Sul, Sudeste e Nordeste), o percentual de contrários varia perto da média nacional de 52%.

Uma curiosidade: segundo o DataPoder360, há 43% da população do Nordeste que se declara a favor da reforma. Isso contraria o senso comum de que os nordestinos seriam 1 foco de resistência ao projeto. O percentual de apoio é maior do que os registrados nas regiões Sul (33%) e Sudeste (38%).

Quando se estratifica a pesquisa por gênero, o apoio existe de maneira mais acentuada entre as mulheres. O DataPoder360 apurou que 43% das entrevistadas se declararam a favor da reforma da Previdência. Entre os homens, o percentual cai para 30%.

IDADE MÍNIMA
O DataPoder360 também perguntou o que as pessoas, de maneira geral, acham de ter uma idade mínima para se aposentar. Não houve detalhamento como está na proposta do governo (62 anos para mulheres e 65 anos para homens).

Nesse caso, as curvas de apoio à reforma seguem também a tendência geral. Há cada vez mais pessoas favoráveis ao estabelecimento de uma idade mínima. Eram 22% em abril. Agora, são 35%.

De novo, o problema para o governo é que há ainda uma maioria (55%) que se declara contrária à adoção da idade mínima de 65 anos.

ECONOMIA
Outro fator que influi no ânimo dos brasileiros é a percepção sobre o estado da economia. Há só uma variação ínfima e dentro da margem de erro nessa sensação relatada pelos entrevistados na pesquisa do DataPoder360.

Em novembro, 38% diziam que a economia estava pior do que há 1 ano. Agora, o percentual é de 37%.

Os que acham que agora as coisas estão melhores são 26%. Há 1 mês, eram 27%.

Ou seja, está tudo igual, pois foram mexidas quase imperceptíveis.

Como em todas as pesquisas dessa natureza, as pessoas acham que sua situação pessoal econômica vai melhorar mais nos próximos meses (57%) do que a do país (49%).

É bom quando ambas as curvas crescem, pois isso significa que os cidadãos estão recuperando o que no jargão econômico se costuma descrever com uma expressão em inglês: “feel good factor”. Algo como “fator da sensação de bem-estar”.

Ocorre que no caso dos brasileiros, como mostram os quadros a seguir, houve pouquíssima variação de novembro para dezembro –apesar da proximidade das festas de fim de ano, quando as pessoas tendem a ficar mais propensas a demonstrar 1 certo otimismo.

(Fonte: Poder 360)