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Diante de perdas, Alcoa busca novos mercados

Publicado: 08 Julho, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Alcoa Inc., que deve divulgar hoje um prejuízo trimestral por causa da queda na demanda mundial de alumínio, decidiu posicionar-se para a eventual recuperação econômica com investimentos em mercados que considera mais propícios a retomar o crescimento.

A gigante americana do alumínio acabou de concluir uma expansão de US$ 750 milhões numa fábrica russa de produtos para construção civil que lhe permitirá produzir latas de bebidas para o mercado europeu. A empresa também comprou recentemente em Marrocos uma pequena fábrica de rebites que fornece para empresas europeias do setor aeroespacial.

Klaus Kleinfeld, o diretor-presidente da Alcoa, disse ontem que vê sinais de recuperação ou de que o pior já passou em alguns setores, entre eles o mercado de alumínio. Falando a repórteres em Moscou, para onde viajou com o presidente americano Barack Obama, Kleinfeld disse que o mercado automobilístico dos Estados Unidos está voltando a despertar. Recentemente a Chrysler Group LLC anunciou que estava reabrindo algumas fábricas paralisadas. Embora seja usado mais aço que alumínio na produção de carros, ele disse que o consumo de alumínio pelo setor se expandiu nos últimos três anos.

Kleinfeld também disse que a China está "fora da crise" e crescendo, particularmente nos mercados de construção e automobilístico.

A Alcoa também acredita no potencial de crescimento do mercado de petróleo e gás natural. Ela anunciou em junho a compra das patentes de produtos de alumínio soldado da suíça Noble Corp., uma prestadora de serviços petrolíferos no mar, por um valor não divulgado. A Alcoa informou também que deve anunciar, num futuro próximo, novas incursões no segmento de petróleo e gás.

"Os tempos ainda estão difíceis", disse um porta-voz da Alcoa. "Mas isso não quer dizer que tudo são cortes, e estamos aproveitando a crise para fortalecer nossos negócios."

Ainda assim, cortar custos continua sendo o principal objetivo da Alcoa, que tem sido pressionada pela fraca demanda por produtos de transporte, aviação e eletrodomésticos. O preço do alumínio voltou a subir nos últimos meses, mas ainda está 45% abaixo do recorde alcançado ano passado.

A Alcoa deve divulgar prejuízo de US$ 0,34 por ação no segundo trimestre, segundo analistas consultados pela Thomson First Call, diante da ainda anêmica demanda por alumínio e alumina, principal ingrediente na produção do metal. No mesmo trimestre de 2008, a empresa, com sede em Pittsburgh, teve lucro líquido de US$ 546 milhões, ou US$ 0,66 por ação, com receita de US$ 7,62 bilhões.

Os estoques mundiais de alumínio continuam altos, mas vêm diminuindo desde agosto, quando quase bateram recorde, segundo o Instituto Internacional do Alumínio, uma associação do setor. Em maio, último mês para o qual há dados disponíveis, os estoques estavam em 2,5 milhões de toneladas, 71% a mais que há um ano.

A Alcoa e outras produtoras de alumínio vêm cortando a produção para equilibrar melhor a oferta e a demanda. Até agora, a produção ainda não caiu o suficiente. Em maio, a produção mundial de alumínio era de 63,6 milhões de toneladas diárias, ou 10% a menos que um ano antes.

Para sobreviver às dificuldades do mercado, a Alcoa está tentando aumentar sua presença em produtos que ela espera que sejam os primeiros a se recuperar da recessão. Mas analistas não parecem estar tão certos assim de que a empresa encontrou a combinação apropriada de cortes de custos e investimentos diante da fraca demanda por alumínio.

Luther Lu, analista da FBR Capital Markets, firma americana de consultoria em investimentos, rebaixou no mês passado a ação da Alcoa, citando o excesso de estoque no mundo. Numa nota de análise, ele afirmou que, até que o problema da oferta excessiva seja resolvido, a Alcoa não deve se beneficiar muito das "breves altas no mercado de alumínio".    

Fonte: The Wall Street Journal