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EADS planeja atuar na área de defesa no país

A joint venture, de acordo com Zoller, vai atuar nas áreas de sistemas para vigilância costeira e de fronteiras e também de guerra eletrônica

Publicado: 15 Junho, 2010 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A divisão de defesa e segurança do consórcio europeu EADS planeja explorar o potencial do mercado de defesa brasileiro desenvolvendo equipamentos e soluções para os programas de modernização das Forças Armadas brasileiras. A porta de entrada é a recente joint venture formada com a Odebrecht no Brasil. A parceria, no entanto, segundo o presidente da EADS Defense Security (DS), Stephan Zoller, não inclui os demais segmentos em que o grupo EADS atua no Brasil, como os projetos envolvendo aeronaves e helicópteros e também sistemas para o programa espacial brasileiros.

A joint venture, de acordo com Zoller, vai atuar nas áreas de sistemas para vigilância costeira e de fronteiras e também de guerra eletrônica. O executivo também vê grandes possibilidades de ampliar seus negócios no mercado brasileiro com a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos jogos olímpicos de 2016.

"Este é o momento estratégico em que muitos investimentos serão direcionados para obras e melhorias de infraestrutura, especialmente na área de defesa", comenta o presidente da DS, durante a realização da feira aeroespacial de Berlim (ILA), na semana passada. A joint venture prevê participação de 50% para cada empresa.

A DS atua globalmente nos segmentos de segurança e defesa, incluindo o projeto do caça europeu Eurofighter, radares, veículos aéreos não-tripulados e sistemas de guerra eletrônica. A empresa possui participação 37,5% na MBDA, fabricante de sistemas de mísseis.

O fato de a Odebrecht ter sido escolhida pela Marinha brasileira para atuar no projeto do novo submarino foi importante na decisão de formar a joint venture, pois a DS precisava de um parceiro com experiência em grandes projetos e que conhecesse bem o Brasil. "A Odebrecht já tem uma boa referência no mercado de defesa com esse projeto para a Marinha".

Zoller lembra que a DS também tem muita experiência no mercado de defesa e cita como exemplo mais recente dessa atuação um grande contrato feito com a Arábia Saudita. Um outro ponto que conta a favor da expertise da DS, segundo ele, é o fato de o governo brasileiro ter assinado um acordo com o governo da Alemanha na área de segurança, principalmente para as forças policiais.

O enfraquecimento da indústria nacional de defesa, bastante afetada pelos cortes orçamentários e a falta de apoio governamental na década de 90, também deixou uma lacuna no segmento e é para preencher esse espaço que a DS está investindo no Brasil. "Nós sabemos que existe uma legislação no país, embora ainda não muito clara, que procura privilegiar a indústria nacional e a DS tem o conhecimento e a experiência para ajudar as empresas brasileiras a se desenvolverem", comentou.

O executivo preferiu não comentar o motivo pelo qual a DS não escolheu a Embraer para formar a joint venture , já que seu argumento para a formação da parceria reforçava a escolha de uma empresa com forte atuação no mercado de defesa. Zoller se limitou a dizer que a fabricante de aeronaves brasileira é um player de peso no setor aeronáutico.

"A DS já trabalhou em cooperação com a Embraer em alguns projetos que geraram negócios importantes para a nossa empresa. Trabalhar com a Embraer, por que não? ", disse. Os negócios da DS com a Embraer citados pelo executivo, estão relacionados ao fornecimento de sistemas embarcados para a plataforma do jato ERJ-145, que foi fornecida na versão militar de Alerta Aéreo Antecipado (AE&W) para o México e a Grécia.

Desde 2006 a DS está presente no Brasil através da sua unidade de negócios Security Network, que forneceu o sistema de radiocomunicação criptografada, baseado na tecnologia Tetrapol, para a Polícia Federal, no âmbito do projeto Proamatec. O sistema também é fornecido para a MRS Logística S.A, que provê serviços de voz e dados ao longo de 1,5 mil quilômetros de estradas de ferro controladas pela empresa.
 
Brasil está entre os países prioritários para a direção mundial do grupo
 
O principal executivo do grupo EADS (European Aeronautic and Defence Space), Louis Gallois, disse que o Brasil está entre os seis ou sete países do mundo onde a empresa vem tentando construir uma parceria de longo prazo. O executivo comentou que o principal interesse da joint venture com o grupo brasileiro Odebrecht é na área de controle de fronteiras e que os planos da EADS no país também incluem cooperação na área de lançadores de satélites e de sistemas para os satélites do programa espacial brasileiro.

Gallois disse ainda que está bastante interessado em trabalhar com a Embraer, mas não especificou quais seriam os projetos, embora especialistas no mercado indiquem que o consórcio europeu estaria disposto em cooperar com a fabricante brasileira no programa do novo avião de transporte militar KC-390. Os executivos da EADS e da Airbus (controlada pela EADS) também não comentam sobre a possibilidade de haver alguma cooperação na área de jatos na faixa de 150 assentos, um futuro substituto do A-320.

"Nós temos um profundo respeito pela Embraer e por seus executivos e estamos muito dispostos em encontrar caminhos para uma futura parceria", disse Gallois ao Valor durante evento na Alemanha.

O presidente da Airbus Military , Domingo Urena-Raso, acrescentou que esse interesse é real, mas que o governo brasileiro, que é o dono do projeto do cargueiro KC-390, é quem vai dizer de que forma o grupo europeu poderia contribuir. O novo contrato de venda de 25 aeronaves Airbus para a TAM, segundo Gallois, também é um importante exemplo de esforço da sua companhia em desenvolver uma parceria de longo prazo com o mercado brasileiro. (VS)

A repórter viajou a convite da EADS
 
Fonte: Valor