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EADS quer eliminar distribuição de opções para executivos

Publicado: 09 Outubro, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

O presidente da European Aeronautics Defence and Space (EADS), Louis Gallois, afirmou que vai propor à empresa que elimine a prática de distribuição de opções para seus executivos. Segundo ele, esse sistema funciona como uma loteria e não seria adequado à empresa.

A declaração vem poucos dias após a denúncia de um jornal francês de que a companhia é alvo de uma investigação de uso indevido de informações privilegiadas. O inquérito, que corre na agência reguladora do mercado da França, envolve alguns dos principais executivos da EADS e de sua subsidiária, a Airbus.

Para Gallois, porém, seus executivos devem ser considerados inocentes até que se prove o contrário. A defesa, porém, não evitou as críticas às opções.

'Vou propor que o conselho de administração elimine totalmente esse sistema', disse Gallois ao jornal 'Le Monde'.

A alternativa às opções, que já eram criticadas pelo presidente antes mesmo do escândalo com seus executivos, pode ser substituído pela distribuição de ações sem custo na forma de benefícios aos administradores, disse ele.

A investigação na França apura se houve má fé em operações de venda de ações e de exercício de opções por funcionários e alguns dos maiores investidores da EADS no fim de 2005 e início de 2006. Nessa época começaram a estourar os problemas com o principal e ambicioso projeto da empresa, o superjumbo A380. O programa desse avião levou a EADS a uma séria crise no ano passado, da qual ainda não se recuperou totalmente.

A suspeita é que, com informações privilegiadas sobre os problemas que a EADS enfrentaria no restante daquele ano, executivos e investidores tenham despejado suas ações no mercado, evitando maiores perdas.

Todos os investigados alegaram inocência à agência reguladora francesa em documento da investigação preliminar, publicado pelo jornal 'Le Figaro'. A resposta imediata da EADS foi a de condenar veementemente o vazamento das informações e solicitando que a agência enviasse cópia do documento para que pudesse estudá-lo.

O escândalo atingiu inclusive o parlamento francês, cuja comissão de finanças começou a investigar a compra de 2,25% da EADS pelo banco estatal CDC. Essas ações foram adquiridas do grupo industrial Lagardere em abril do ano passado, um dos suspeitos no inquérito do regulador do mercado. O CDC teve um prejuízo substancial com as ações adquiridas do Lagardere.

O grande tombo das ações da EADS ocorreu em junho de 2006, quando seu valor despencou 25% por conta dos seguidos atrasos no programa A380. Aliados a uma queda forte na cotação do dólar frente o euro, esses atrasos acabaram por instalar uma séria crise na Airbus. Depois deles, a subsidiária da EADS anunciou a demissão de 10 mil funcionários e o fechamento de fábricas para evitar mais prejuízos.

Fonte: Valor