EADS tenta salvar projeto do avião militar A400M
Publicado: 02 Abril, 2009 - 00h00
Escrito por: CNM CUT
A EADS deverá aceitar um corte limitado nas encomendas do avião militar de transporte A400M, num esforço para manter viva a maior companhia de defesa terceirizada da Europa, no momento em que clientes governamentais ficam cada vez mais inquietos com a alta dos custos e os adiamentos prolongados.
Louis Gallois, presidente-executivo da EADS, disse em uma entrevista ao "Financial Times" que uma redução limitada das encomendas seria considerado "administrável" para o grupo aeroespacial franco-alemão.
Entretanto, o executivo disse que qualquer corte mais significativo terá "um impacto sobre o preço dos aviões" - um sinal claro para os sete governos que lançaram o problemático projeto de ? 20 bilhões (aproximadamente US$ 26,3 bilhões) em 2003, de que eles não deverão forçar muito a busca por concessões.
Os comentários de Gallois foram feitos no momento em que a EADS tenta assegurar aos clientes e ao mercado que continua comprometida com o programa do A400M, que já está atrasado em três anos e com o orçamento estourado em ? 2 bilhões.
As dúvidas em relação a determinação da EADS em prosseguir com o programa foram levantadas no fim de semana por Tom Enders, presidente da Airbus, a divisão de aviões da EADS, que sugeriu em uma entrevista à revista alemã "Der Spiegel" que preferia desistir do programa a continuar sob o contrato atual.
O cancelamento poderia forçar a EADS a devolver cerca de ? 5,7 bilhões em pagamentos adiantados, mais da metade de seu atual caixa líquido.
A Occar, agência pan-europeia de aquisições que fez a encomenda original de 180 aviões, está se preparando para iniciar negociações oficiais com a EADS sobre os termos do contrato.
Em março, os governos concordaram com uma moratória de três meses sobre os cancelamentos feitos desde terça-feira, para permitir o prosseguimento das negociações. Mas elas acontecem no momento em que o entusiasmo de alguns dos clientes originais pode estar diminuindo - especialmente no caso da Alemanha e do Reino Unido.
Gallois disse, na segunda-feira, estar confiante em uma solução para o caso. O presidente da EADS parece apostar que os políticos vão pressionar os ministérios da Defesa de seus países a resolverem as diferenças em relação às penalidades, para que se possa preservar empregos num setor bastante sensível.
"Este programa vai sair do chão porque os desafios industriais e de defesa são consideráveis", disse Gallois. "Eles precisam desse avião e a questão também envolve 40 mil empregos de alta qualificação na Europa. Precisamos encontrar uma solução juntos", completou.
Apesar disso, o governo britânico, que encomendou 25 aviões e precisa urgentemente de um novo avião de transporte para operações no Afeganistão, aumentou as pressões sobre a EADS na segunda-feira, alertando que "não ficaria contente com um vácuo na capacitação".
John Hutton, secretário inglês da Defesa, disse a membros do parlamento britânico que os atrasos são "motivo de grande lástima" e representam "problemas muito graves" para o futuro da capacitação logística militar do Reino Unido.
Hutton disse que o governo vai decidir se prossegue ou não com o programa no começo de julho, mas alertou: "Não nos agrada uma lacuna na capacitação".
Gallois disse esperar que a Airbus apresente um novo cronograma aos clientes depois do acerto de uma data de entrega do software de sistemas de propulsão, conhecido como Fadec. A entrega do software deve ocorrer nas próximas semanas e estabelecerá a data para o primeiro voo do A400M, esperado para a virada do ano.
Fonte: Valor