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Emir Sader: O Brasil entre a ditadura dos bancos e a caravana da esperança

Por Emir Sader

Publicado: 17 Agosto, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O Brasil foi arrebatado pelos golpistas e entregue nas mãos dos banqueiros. O país é muito pior, mais pobre, mais desigual e injusto. Cinco milhões de pessoas voltam à situação de pobreza. O Bolsa Família foi tirado de milhões de pessoas carentes. Milhões penam o desemprego, outros tantos trabalham de forma absolutamente precária, a grande maioria tem medo de perder o emprego e ficar ao desalento

A imagem internacional do país nunca foi tão ruim, ninguém mais o respeita. O governo corta recursos do orçamento o tempo todo, penalizando os mais pobres, mas o déficit público só aumenta, pela farra do Temer para escapar dos processos, aí o governo dilapida o pré-sal para manter o presidente corrupto.

O país é dirigido por banqueiros, diretamente, ou por seus representantes. Se impõem os interesses do capital financeiro, se perdoam dívidas dos bancos privados, enquanto se tira o Bolsa Família de milhões de pessoas carentes. O Brasil está sendo sucateado em favor da especulação financeira. A economia se desnacionaliza, o Estado é destruído, a sociedade se fragmenta e os trabalhadores perdem seus direitos.

Para consolidar o atentado contra a democracia, se busca destruir os partidos e os sindicatos. Os partidos, pelo Distritão, que os reduz a barrigas de aluguel de parlamentares corruptos que buscam reeleger-se e se proteger das acusações de corrupção. Os sindicatos, mediante reformas da CLT que deixam os trabalhadores absolutamente desprotegidos diante da sanha patronal.

Um ano e meio depois, esse é o Brasil que a direita impõem pela via da força, diante da passividade cúmplice do STF, do apoio desconcertado da mídia que promoveu o golpe, diante das arbitrariedades de promotores mancomunados com a mídia e da PF. Esse o país dos bancos e da gangue corrupta que entregou o Brasil nas mãos dos rentistas, que vivem do endividamento alheio

Nesse momento Lula sai para uma Caravana da Esperança pelos 9 estados do Nordeste do Brasil. Um Lula que volta às suas origens depois de ter se consagrado como o presidente que transformou o Brasil para um país muito melhor, menos injusto, orgulhoso de si mesmo, confiante na sua capacidade de superar seus problemas, respeitado pelo mundo. Um Lula muito mais experiente, que sabe que o Brasil é viável, que pode retomar o caminho do desenvolvimento e da distribuição de renda. Que sabe que é indispensável o resgate do Estado para fazer o país voltar a crescer e a garantir as políticas sociais contra o abandono do povo e os direitos dos trabalhadores.

Lula chega ao Nordeste para ver as transformações fundamentais que os governos do PT levaram a cabo, que mudaram radicalmente a fisionomia da região e, ao mesmo tempo, constatar os retrocessos que o governo golpista dos banqueiros está produzindo. Lula vai ouvir e falar, abraçar e ser abraçado, ver e anotar, agradecer a confiança do povo do Nordeste e retribuir essa confiança.

Lula leva a palavra de esperança, na hora em que querem não apenas terminar com o Brasil menos desigual, como acabar com a esperança dos brasileiros. Sabem que só podem governar se o povo se desmoralizar, se perde a perspectiva de recuperar seus direitos. Só um país sem esperança pode ser massacrado pelos chacais que odeiam o Brasil, o povo e a democracia.

Um regime ditatorial tem que ser derrotado, mas tem que ser derrubado, para terminar. Não vai se entregar facilmente, porque tem muito a perder. Essa primeira Caravana da Esperança é um marco divisório no futuro do Brasil. Ela vai contribuir para levantar a disposição do povo em derrubar a ditadura dos bancos por demonstrações cada vez maiores de que os brasileiros não aguentam mais, que não suportam mais ver o país e suas próprias vidas entregues nas mãos dos que estão tirando o pão e a esperança dos brasileiros.

Vai ser uma Caravana histórica, épica, emocionante, de reencontro de Lula com o seu povo, do povo com a esperança. O Brasil todo tem os olhos postos nessa caminhada, milhões participarão diretamente dela, muitos milhões mais a acompanharão com o seu coração e os olhos postos nessa linda trajetória pelo Nordeste, que apenas reinaugura a batalha da esperança contra a dilapidação com querem destruir o Brasil e a esperança dos brasileiros.

São essas as duas possibilidades que o pais tem hoje diante de si: a ditadura dos bancos, da especulação e da super exploração do seu povo ou a recuperação da esperança e do projeto que resgatou o Brasil da miséria e da desesperança.

* Emir Sader é sociólogo e cientista político

(Fonte: Brasil 247)