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Emprego e condições de trabalho na siderurgia serão temas nos fóruns de competitividade

A situação do setor foi debatida em Conferência promovida pela Federação dos Metalúrgicos da CUT/MG, que teve a participação de lideranças sindicais e de representante do governo.

Publicado: 01 Março, 2013 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 

Crédito: Paula Spencer
Na Conferência, foram destacadas as demandas dos trabalhadores do setorNa Conferência, foram destacadas as demandas dos trabalhadores do setor
Na Conferência, foram destacadas as demandas dos trabalhadores do setor

A defesa da indústria siderúrgica brasileira – com emprego de qualidade e condições adequadas de trabalho – será foco dos metalúrgicos da CUT nos fóruns de debate e definição da política industrial. Setor estratégico para a soberania nacional, a siderurgia precisa ser estimulada no país para recuperar seu potencial e garantir emprego e salário decentes para seus trabalhadores, além de contribuir com o desenvolvimento econômico e social.

A avaliação foi feita ontem (28), durante a Conferência Estadual de Negociação Coletiva e Futuro do Setor Siderúrgico em Minas Gerais. Organizada pela Federação dos Metalúrgicos da CUT/MG, a Conferência reuniu representantes de todos os sindicatos cutistas do Estado, além de lideranças sindicais da categoria de outras regiões e também dirigentes da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT).

O capítulo destinado à análise do setor siderúrgico contou com a participação de Paulo Cayres e Loricardo de Oliveira, presidente e secretário de Políticas Sindicais da CNM/CUT; Geraldo Werneck, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora e coordenador da rede sindical da Arcelor Mittal no Brasil; José Wagner, presidente da FEM/CUT-MG; e Tólio Edeo Ribeiro, coordenador geral das Indústrias Intensivas em Recursos Naturais no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e integrante do Conselho de Competitividade da Indústria Metalúrgica do Plano Brasil Maior. O debate foi mediado por Wilton Lima, secretário geral da FEM/CUT-MG.

Em sua explanação, Werneck apresentou um balanço do desempenho da indústria siderúrgica, destacando que os 137 mil metalúrgicos do setor, 53% são funcionários diretos das empresas do setor e 47% terceirizados. Além de todos os problemas relativos às condições de trabalho, o coordenador sindical da Arcelor, lembrou que o turno de revezamento causa uma série de infortúnios aos trabalhadores. “Está comprovado que o trabalho em turno de revezamento causa cinco vezes mais doenças de estômago se comparado com quem trabalha em tuno fixo e provoca oito vezes mais divórcios, só para citar dois exemplos”, informou. Para ele, é necessário pensar o setor para além da agenda sindical. É preciso também que haja garantias de que haja contrapartidas trabalhistas para a concessão de financiamentos públicos às empresas.

Já o presidente da FEM/CUT-MG fez uma análise da situação do setor pós-privatizações e lembrou que, além da redução de salários que acompanhou o processo, o nível de emprego foi reduzido drasticamente, em mais de 60%. “Só na Usiminas, de 15 mil trabalhadores, hoje restam 5 mil”, exemplificou, apontando que, apesar disso, a produtividade mais que dobrou, saltando de 186 toneladas/homem/ano, em 1991, para mais de 400 tonelada/homem/ano. Wagner defendeu ainda que os trabalhadores intensifiquem sua participação nos fóruns do Plano Brasil Maior.

Loricardo de Oliveira lembrou que os trabalhadores do setor siderúrgico sofrem com a segurança precária no trabalho – que tem causado sérios acidentes – e com a perseguição de suas lideranças sindicais promovida pelas empresas. “Para siderúrgicas como a Gerdau, a filosofia é a seguinte: em primeiro lugar, a produção, e, em segundo, a segurança no trabalho. Não é à toa que acontecem acidentes como o que decepou a perna de um metalúrgico na unidade de Sapucaia do Sul na semana passada”, comentou.

Já o presidente da CNM/CUT referiu-se às dificuldades de se discutir as demandas trabalhistas no Plano Brasil Maior, mas disse que é preciso insistir para que as contrapartidas aos estímulos dados as empresas contemplem a pauta levada pelos sindicalistas, ainda mais num setor estratégico como o siderúrgico.  “Proponho também que a gente articule reuniões com o governo, da qual também participem os prefeitos do Vale do Aço (MG) para que o desenvolvimento social local também mereça atenção”, sugeriu Paulão. “Nunca é fácil negociar com o setor siderúrgico, mas temos de insistir e fazer com que o governo interfira, porque temos o mesmo objetivo: o de garantir a soberania nacional, por meio de uma indústria forte que garanta empregos de qualidade”, complementou.

Governo vai considerar demandas dos trabalhadores
Depois de apresentar um balanço dos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos conselhos do Plano Brasil Maior, o representante do governo destacou que um dos desafios da indústria metalúrgica no geral é a sua competitividade. No caso específico da siderurgia, Tólio Ribeiro lembrou que a utilização da capacidade instalada chegou a quase 100% em 2004 e atualmente – sofrendo efeitos da crise internacional – está em 72%. “O país precisa estimular a demanda interna por produtos de metal para que a siderurgia seja estimulada”, ponderou o representante do governo, destacando que de certa forma isto tem sido feito, com a redução de IPI dos veículos e da linha branca: “A indústria siderúrgica acaba sendo beneficiada indiretamente”.

Após ouvir as intervenções dos sindicalistas, Tólio Ribeiro comprometeu-se a intervir, junto à Comissão Sistêmica de Relações de Trabalho e aos Conselhos de Competitividade do Plano Brasil Maior para que as demandas trabalhistas – entre elas a pauta do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho – sejam discutidas e contempladas na formulação das políticas para o ramo industrial.  “A pauta dos trabalhadores têm de ser consideradas, sim”, considerou.

(Fonte: Solange do Espírito Santo – assessoria de imprensa da CNM/CUT)