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Empreiteira da CSN demite 80 empregados no Rio de Janeiro

Números exatos ainda não estão disponíveis, mas estimativas apontam que demissões podem chegar perto de mil

Publicado: 19 Dezembro, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As prestadoras de serviços terceirizados à CSN começaram a efetivar as demissões resultantes da redução de seus contratos - uma medida já anunciada pela Companhia e tida como "irreversível". Ontem, a Cikel - cujos empregados são assistidos pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil - informou ao sindicato que faria 80 rescisões de contratos de trabalho.

No entanto, essas são apenas as rescisões dos trabalhadores que têm mais de um ano de carteira assinada - um funcionário do sindicato, que não se identificou, estimou que o número total de demissões pode se aproximar de 300. Além da Cikel, outras prestadoras de serviço, como a Sankyu e a Comau - estas com empregados ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos - fizeram cortes ontem, com números ainda indefinidos.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Dejair Martins, não foi localizado ontem pela equipe de reportagem do DIÁRIO DO VALE para comentar as demissões. A informação é que Dejair estaria de férias e só retornaria em janeiro.

A redução na quantidade de empregados das prestadoras de serviços da CSN é considerada irreversível pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares. Ele afirmou que executivos da Companhia afirmaram, durante uma reunião, que as vagas nas empreiteiras já teriam ido "para o vinagre" - uma expressão que significa que a decisão de cortar os contratos já está tomada.

CSN descarta mais demissões antes de janeiro

As cerca de trezentas demissões feitas ontem pela CSN serão as últimas, até o retorno das férias coletivas, em janeiro. Segundo a nota que a assessoria de Imprensa da siderúrgica liberou anteontem, as demissões foram uma antecipação do turnover de rotina que aconteceria em dezembro e janeiro. Outros cortes de pessoal estão condicionados ao cenário econômico e ao andamento das negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos.

Ato público, audiência e passeata protestam contra as demissões

O Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense promove hoje, às 17 horas, um ato público na Passagem Superior para protestar contra as demissões na CSN. O evento é o primeiro de uma série de manifestações contra cortes de pessoal em função da crise econômica. Na segunda-feira, duas atividades convocadas pelas lideranças sindicais, políticas e religiosas que se uniram no movimento "Demissão Zero" dão continuidade aos protestos.

Na segunda-feira, a partir das 10 horas, haverá uma passeata, saindo do Jardim Amália, na altura do Posto JK, e seguindo até a Passagem Superior. Às 17 horas, começa uma audiência pública sobre o assunto na Câmara Municipal. As grandes empresas da região foram convidadas a participar do evento.

Bispo convoca para protesto e audiência contra demissões

O bispo da Diocese de Barra do Piraí - Volta Redonda, Dom João Maria Messi, emitiu ontem uma carta onde explicita sua posição sobre os riscos de demissão de trabalhadores por conta da crise econômica e convoca a população para participar dos atos de protesto.

Confira a carta do bispo:

"Saúdo a todos com carinho neste tempo especial de vigilante espera do nascimento de nosso Salvador. Vivemos uma angustiante situação social e familiar: a demissão de centenas de trabalhadores da CSN. Faço um apelo ardoroso a todos os irmãos, homens e mulheres, para que se sensibilizem frente a tanta desumanidade e dureza do coração. Estamos todos conscientes e pasmados a respeito da grave crise econômica que se instalou no mundo, em nosso Brasil, que também recai com muita violência sobre a Região Sul Fluminense e nossa Diocese. O que nos preocupa e inquieta é a falta de transparência da Empresa em torno das demissões, férias coletivas, supressão de direitos dos trabalhadores para "salvar" seu lucro.

Na região, o impacto social atingirá mais de 60 mil pessoas. Estamos certos que há uma dupla crise: do sentido da vida e da espiritualidade, como nos alerta o Papa Bento XVI, "a crise é antes de tudo uma crise espiritual que demonstra a futilidade do dinheiro..." Este triste momento histórico é para repensarmos em nossas atitudes e construirmos uma real solidariedade para com as vítimas de tamanha injustiça social e moral.

Convoco as comunidades, suas pastorais, as famílias, os irmãos e irmãs de todas as idades a participarem de atividades: momentos de vigílias nas comunidades, nas casas para que nosso Deus nos inspire como superar as dificuldades, convertendo os corações que visam mais o lucro que o bem estar da pessoa humana."

Fonte: Diário do Vale

CSN