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Empresas brasileiras trocam mais de presidentes que resto do mundo

Publicado: 24 Maio, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As empresas de Brasil, Argentina e Chile trocaram seus CEOs (presidentes-executivos) mais que qualquer outra região do mundo em 2016. Houve trocas no comando em 17,7% das grandes companhias — a média global foi 14,9%.

A conclusão é de estudo da PwC, que analisou as 2.500 maiores empresas do globo. Dessas, 180 são do chamado Cone Sul, e 140, brasileiras. A taxa da região melhorou em relação à de 2015 (21,1%).

"Os números têm uma relação forte com o ambiente econômico brasileiro", afirma Ivan de Souza, sócio da Strategy& PwC. "A pressão por resultado levou a uma saída maior de presidentes de companhias, tendência que perdeu força em 2016."

Embraer, Natura, Telefônica, Oi e Itaú Unibanco estão entre as grandes empresas que trocaram de CEO em 2016. Em 2015, Banco do Brasil, JBS, Odebrecht, Petrobras e Magazine Luiza substituíram suas chefias.

O estudo identifica quantas saídas foram forçadas, contra a vontade dos executivos, seja por motivo ético ou não. Nesse quesito, a média da região também é a maior, de 5,1%, muito acima da do resto do mundo, que é 2,4%.

"Vivemos um ambiente de grande escrutínio. Em alguns casos, isso levou à saída de presidentes para que a empresa pudesse se dissociar de situações de fraude e de corrupção", diz Souza.

Para o consultor financeiro Adeodato Volpi Netto, no Brasil, divergências constantes entre presidência e conselho de administração explicam a rotatividade.

Ele cita o caso da Estácio Participações. Em março, o conselho determinou o afastamento do presidente, Pedro Thompson, pela suposição de que ele articulava contra a fusão com a Kroton.

"Não há ambiente corporativo, hoje, para trabalhar em projetos de longo prazo. Os presidentes não têm autonomia para exercer funções independentes do conselho, o que causa a pressão para substituir", diz Netto.

Ainda segundo a PwC, o tempo dos presidentes nas companhias aqui é mais curto que no resto do mundo. Dos CEOs que perderam o cargo no Cone Sul, a média estava havia apenas 2,5 anos na empresa, metade da média mundial, de 5 anos.

Em todo o mundo, as substituições de CEOs diminuíram em 2016. Em 2015, a média geral foi de 16,6%, a taxa mais alta desde o início da pesquisa, em 2000. O número mais baixo foi em 2003, com 9,8% de trocas de chefia.

A quantia de CEOs desbancados por falhas éticas aumentou de 2012 a 2016 em relação ao intervalo de 2007 a 2011. Foram 5,3% do total de trocas, ante 3,9% de antes.

A pesquisa conclui, ainda, que nenhuma mulher ingressou no posto de CEO em empresas do Cone Sul em 2016. No mundo, só 12 executivas foram alocadas na liderança de grandes companhias, com maior porcentagem nos Estados Unidos e no Canadá, e segunda maior na China.

"Nos últimos anos, as empresas brasileiras buscaram mais mulheres, mais vimos em 2016 que não é uma ação consistente", afirma Souza.

(Fonte: Folha de S. Paulo)