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Após greve, Estaleiro mantém metalúrgicos em cárcere privado e demite por justa causa

Ação ilegal da Jurong Aracruz, no Espírito Santo, ocorreu na terça-feira (22), durou o dia todo e teve apoio de policiais à paisana.

Publicado: 25 Setembro, 2015 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Trabalhadores durante a greve que aconteceu entre os dias 17 de agosto a 17 de setembroTrabalhadores durante a greve que aconteceu entre os dias 17 de agosto a 17 de setembro
Trabalhadores ficaram em greve entre os dias 31 de agosto e 17 de setembro

O Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) manteve, na última terça-feira (22), mais de 40 trabalhadores em cárcere privado, em suas instalações, em Aracruz, no Espírito Santo, por quase todo o dia. A prática antissindical e ilegal foi adotada pela empresa contra funcionários que estiveram à frente de uma greve no estaleiro, entre os dias 31 de agosto e 17 de setembro, durante campanha salarial da categoria. Os metalúrgicos estavam trabalhando normalmente quando receberam um comunicado da empresa de que deveriam comparecer a uma sala de reuniões, onde foram surpreendidos pelo anúncio de que estavam demitidos por justa causa (ou seja, sem direitos). 

Em vídeo gravado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, Alfredo Neto Barbosa, um dos demitidos, contou que os metalúrgicos foram mantidos em cárcere privado e sob a coação de mais de 15 seguranças e policias à paisana. “Todas as portarias foram bloqueadas. Os policias fizeram uma barricada para impedir a saída dos funcionários que se recusaram a assinar a rescisão. Nós ficamos coagidos e os policiais até sacaram armas", relatou. Ainda de acordo com o trabalhador, a Jurong adiantou que nos próximos dias vai demitir mais de 100 metalúrgicos (assista ao vídeo aqui).

Crédito: Divulgação
Metalúrgicos foram Metalúrgicos foram
Trabalhadores foram mantidos em cárcere privado

“A empresa tem uma cultura de práticas antissindicais. Os trabalhadores que foram demitidos são os que estavam à frente da greve, lutando por melhores condições de trabalho”, contou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, Roberto Pereira. “O estaleiro não respeita as leis trabalhistas brasileiras e isso é muito preocupante. O Sindicato não vai aceitar que práticas como essa aconteçam e já está tomando as medidas necessárias para denunciar estes abusos cometidos pela empresa”, completou.

Na próxima segunda-feira (28), já está agendada uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Espírito Santo para reivindicar a reintegração dos trabalhadores demitidos por justa causa e para denunciar a prática ilegal da empresa cometida na terça-feira. “Além disso, vamos mover uma ação indenizatória por perseguição ao exercício legal do direito de greve e por este atentado criminoso contra a organização dos trabalhadores”, afirmou Roberto, que também é secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT).

A direção da CNM/CUT, inclusive, já está articulando com a Central Única dos Trabalhadores o envio de uma denúncia contra o estaleiro à Organização Internacional do Trabalho (OIT). "Nenhuma empresa tem poder de polícia para perseguir e prender trabalhador porque ele está exercendo o seu legítimo direito de greve", destacou o presidente da Confederação, Paulo Cayres.

Crédito: Divulgação
Segundo trabalhadores, policiais à paisana impediram a saída dos trabalhadores após anúncio de demissãoSegundo trabalhadores, policiais à paisana impediram a saída dos trabalhadores após anúncio de demissão
Segundo a denúncia, policiais à paisana impediram a saída dos trabalhadores que não assinaram a rescisão

Perseguições
Outros motivos de indignação dos trabalhadores estão relacionados à falta de segurança no local de trabalho e às constantes ameaças sofridas pelos metalúrgicos. “Várias denúncias estão sendo feitas ao Sindicato. Os metalúrgicos reclamam das condições precárias às quais são submetidos nas dependências do estaleiro, acompanhadas de ameaças de demissão aos companheiros que participaram das ações sindicais”, assinalou Roberto Pereira.

De acordo com um dos demitidos, o cipeiro Leandro Almeida Santos (que, por estar na CIPA, tem estabilidade no emprego), os metalúrgicos também são perseguidos diariamente pela empresa. “A relação da empresa com os trabalhadores é conflituosa. A empresa nos vigia quando vamos beber água e até quando vamos ao banheiro várias vezes. Não podemos fazer nada que eles ficam nos vigiando. Temos que trabalhar como escravos”, desabafou.

(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)