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Espírito Santo: negociação coletiva dos metalúrgicos segue para dissídio

Publicado: 22 Janeiro, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
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Audiência aconteceu nesta quinta-feira no Tribunal Regional do Trabalho

Na audiência de conciliação entre o Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo (Sindimetal-ES) e o Sindifer (Sindicato Patronal), realizada nesta quinta-feira (21) no Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região, não foi possível se chegar a um acordo que selasse a Convenção Coletiva de Trabalho dos Metalúrgicos. Agora o processo segue para dissídio, cabendo à Justiça definir os rumos da negociação.

O impasse se deu por conta da manutenção da proposta inicial dos patrões, já reprovada e que deu início a greve dos metalúrgicos. O Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo não abriu mão do pleito da categoria, que pede, entre outras reivindicações, um reajuste salarial equivalente ao INPC do período (10,3%), tíquete-alimentação de R$ 300, plano de saúde custo zero e abono dos dias parados.

O TRT se comprometeu a garantir brevidade na análise do processo e estipulou um prazo de duas semanas para a realização do julgamento. O Tribunal também recomendou que o Sindicato dos Metalúrgicos do Estado levasse à votação dos trabalhadores a cessação da greve e o retorno ao trabalho, enquanto aguardam pelo resultado do dissídio. O relator do processo ainda afirmou que, historicamente, o Tribunal decide por abonar os dias parados quando se trata de uma greve legal, como é o caso do movimento paredista dos metalúrgicos, que completou 35 dias. 

Alguns trabalhadores acompanharam a audiência, enquanto um grande grupo aguardava o fim da conciliação em frente ao TRT.

Nesta sexta-feira (22), o Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo realizará assembleias em várias portarias para prestar mais esclarecimentos sobre a audiência de conciliação e garantir aos metalúrgicos a decisão sobre o destino da greve. Para garantir a participação de todos os trabalhadores. O Sindifer se comprometeu a orientar todas as empresas a mandarem seus ônibus encaminharem os metalúrgicos aos locais de assembleia.

Greve
Confira a nota na íntegra do Sindicato dos Metalúrgicos sobre a greve histórica no estado:

Em um movimento inédito e histórico no Espírito Santo e do Sindimetal-ES, os metalúrgicos capixabas conduziram 36 dias de paralisação em todo o estado, dando um exemplo de disposição, mobilização e luta.

Além de ser a greve com maior tempo de duração de nossa história, outra marca inédita foi alcançada durante esta paralisação, os trabalhadores, pela primeira vez, viraram um ano de braços cruzados. Apesar dos patrões negarem qualquer avanço em um período de datas importantes como o Natal e Réveillon.

A pressão sofrida pelos companheiros também foi histórica. Usando o discurso da crise, os patrões tentaram intimidar os trabalhadores com as mais diversas ameaças, além de os exporem a situações humilhantes e de risco, como quando os obrigaram a entrar no Complexo de Tubarão a todo custo sem levar em consideração a segurança dos companheiros. Teve empresa que fez o transporte dos empregados pelo mar, colocando-os em barcos sem coletes salva-vidas, alguns trabalhadores relataram que tiveram náuseas e enjôos. Outras empresas, transportaram os empregados de helicóptero e ainda teve trabalhadores que foram obrigados a passar por buracos feitos no muro da ArcelorMittal e transitar por áreas de risco sem o uso de equipamentos de segurança só para fugir dos piquetes realizados nas portarias do complexo. Mas, mesmo com todos esses empecilhos colocados pelos empresários, os metalúrgicos demonstraram coragem e seguiram firmes durante todo movimento paredista.

Lamentavelmente, mesmo diante de toda mobilização, o Sindifer preferiu jogar a responsabilidade para o judiciário, evitando o diálogo e mantendo o impasse na negociação. Este impasse começou, justamente, pela posição intransigente do sindicato patronal que manteve durante todo o processo, sem abrir mão e não apresentar qualquer avanço, a mísera proposta de 7,5% de reajuste, parcelado em duas vezes, em todas as cláusulas econômicas, diante de um índice de perdas inflacionários 10,3% no período. Vale ressaltar que várias empresas se disseram capazes de contemplar o pleito da categoria e ofereceram acordos específicos ao Sindimetal-ES, mas, segundo os próprios empregadores, foram obrigadas a voltar a atrás por interferência do próprio Sindifer e, também, das grandes empresas tomadoras de serviço.
Lamentável foi também a atuação da Polícia Militar, sob as ordens do governador Paulo Hartung, durante todo o movimento paredista. Desde o início da paralisação, o aparato de segurança pública do Estado foi utilizado para servir aos interesses das grandes empresas, que buscavam inibir a manifestação dos metalúrgicos. Houve situações onde policiais à paisana apontaram armas de fogo, ameaçando atirar nos trabalhadores que exerciam seu direito legítimo de greve, e outras onde a polícia fez uso da força para impedir a formação de piquetes e reprimir manifestações pacíficas.

Os metalúrgicos aguardam agora a decisão da Justiça para conhecer o desfecho da Convenção Coletiva de Trabalho 2015/2016. O pleito dos trabalhadores se mantém na proposta do reajuste salarial de 10,3% (INPC), tíquete-alimentação no valor de R$ 300,00, plano de saúde com custo zero e abono dos dias parados.

O Sindimetal-ES parabeniza todos os metalúrgicos capixabas pelo exemplo de luta e determinação e espera que o poder judiciário se solidarize com a situação desses pais e mães de família, que durante os 36 dias se mobilizaram para conquistar melhores condições de trabalho e mais qualidade de vida.

 

Crédito: Divulgação
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(Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo)