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ABC (SP): metalúrgicos começam a discutir ideias para resgatar a democracia

Publicado: 19 Julho, 2019 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Críticas à conjuntura econômica e política que o país atravessa e ao Estado mínimo foram destaques na abertura do 9º Congresso dos Metalúrgicos do ABC, na noite desta quinta-feira (18), na sede do sindicato da categoria, em São Bernardo do Campo. No início do debate sobre democracia, uma representante dos trabalhadores da Ford, Simone, que trabalha na área administrativa e é conhecida como a “baixinha da portaria”, leu emocionada carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos participantes do congresso, que termina neste sábado (20).

Na mensagem de saudação, o ex-presidente classificou como criminoso o que estão fazendo no país ao entregar as riquezas naturais do pré-sal, rasgando conquistas históricas da população. “É importante defender a Petrobras”, escreveu Lula, “e todas as empresas que pertencem ao povo e são fundamentais para o desenvolvimento do país. Não podemos permitir que sejam destruídas”.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, criticou a conjuntura de ataques aos direitos do dos trabalhadores e destacou que “o que estamos vivendo no país neste momento é a luta de classes”.  O Estado mínimo não quer democracia para todos, mas quer só só para algumas pessoas, defendeu a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.

Convidado para a mesa de abertura, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse que democracia, direitos e trabalho são três valores que devem ser considerados conjuntamente, e que neste momento, no Brasil, esses pilares estão ameaçados não só só pela questão política, com a eleição de Bolsonaro, como também pelas transformações que o capitalismo está sofrendo no mundo.

Ivone Silva lembrou a história de luta do Sindicato dos Metalúrgicos em defesa da democracia. E que a presença de um trabalhador na Presidência do país foi um avanço da democracia. Ela também fez críticas ao golpe que retirou Dilma Rousseff em 2016 e à eleição do ano passado, marcada pelo ativismo judicial para prejudicar e retirar o ex-presidente da disputa, como também pelo predomínio de fake news.

Belluzzo, por sua vez, falou sobre as transformações do capitalismo e do autoritarismo no poder nesse momento no Brasil. “Esse sistema não se detém diante de nada. Só se detém se você começar a regulamentar, a colocar a questão humana acima do determinismo e do progresso tecnológico.”

Ele também defendeu a necessidade de se adotar políticas para restaurar a industrialização no país. E lembrou que até os anos 1980 o Brasil tinha 27% da riqueza do PIB na indústria e que isso significava que o Brasil era o mais industrializado entre os emergentes. “Tínhamos todos os setores. No automotivo perdemos as autopeças e agora estamos perdendo as montadoras”, disse, lembrando o fim das atividades da unidade da Ford em São Bernardo.

Com 80% da população nas cidades, o Brasil não pode depender só do agronegócio para alavancar a economia. “Temos hoje 13 milhões de desempregados e mais 20 milhões de pessoas em trabalhos precários. Vão desmontar a arquitetura da economia do país que deu origem ao sindicato do ABC.” Belluzzo afirmou que a mobilização é necessária para defender o que foi criado no país ao longo dos últimos 70 anos e destacou que o governo Jair Bolsonaro “é patético do ponto de vista da massa encefálica”, em tom de ironia.

Já o presidente do sindicato encerrou o evento com uma crítica ao discurso do ódio e da intolerância que tem prevalecido em segmentos dominantes da sociedade e na mídia e destacou que outro Brasil é possível. E lembrou que as ideias de transformação do país são os desafios a serem discutidos no congresso da categoria.

(Fonte: Rede Brasil Atual)

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