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“Execução de brasileiros era discutida como política pública

Publicado: 16 Maio, 2018 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), o advogado e professor universitário Pedro Dallari afirmou, em entrevista aos jornalistas Anelize Moreira e Guilherme Henrique, durante o programa Revista Bdf, que os documentos revelados acerca da atuação das Forças Armadas na Ditadura Militar brasileira, ocorrida entre 1964 e 1985, são estarrecedores.

“O documento relata, com uma crueza enorme, um diálogo onde um presidente da República, o chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e dois militares de alta patente discutem no gabinete presidencial o extermínio de brasileiros, como se discutisse políticas públicas, de saúde, educação, transporte, com a maior naturalidade. É impressionante!”, comentou Dallari.

Os documentos da CIA, Agência de Inteligência dos EUA, que apresentam a atuação do presidente Ernesto Geisel (1974-1979) autorizando a execução de pessoas contrárias à ditadura militar estavam liberados desde janeiro. No último dia 10, o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matias Spektor, divulgou os documentos.

Nesta terça-feira (15), os coordenadores da extinta CNV vão se reunir para discutir como os arquivos descobertos influenciam no trabalho de elucidar os crimes cometidos durante a ditadura. Para Pedro Dallari, o momento exige que novas investigações sejam realizadas.

"Há uma recomendação da CNV para que se crie uma "Comissão de Segmento". Quando a CNV foi extinta, deixamos a recomendação para a criação de um órgão que possa dar continuidade ao nosso trabalho. Isto não foi feito no Brasil, diferente do que ocorre em outros países. É importante que esse debate esteja, inclusive, na pauta dos candidatos à presidência da República, para que nossas atividades tenham continuidade", disse Pedro Dallari.

(Fonte: Rede Brasil de Fato)