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Expansão não é evento atípico e está disseminada entre setores

Publicado: 04 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A expansão de 1,6% do investimento no terceiro trimestre do ano, segundo dados divulgados pelo IBGE, não foi um evento atípico, mas um aumento disseminado entre os diversos setores da economia. Depois de 15 trimestres de queda ou estagnação (desde o fim de 2013), os investimentos, medidos pela formação bruta de capital fixo (FBCF), começaram a responder à recuperação cíclica da economia comandada inicialmente pelo consumo das famílias. Até o segundo trimestre deste ano, porém, acumularam retração de 30%, conforme cálculos da economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV.

Ela destacou o aumento das importações e da produção interna de bens de capital como representativos da retomada dos investimentos em vários setores. Já a construção, segmento de maior peso na FBCF, ainda apresentou retração de 4,7% no terceiro trimestre, embora tenha havido uma melhora na parte dos insumos, dado que antecede a retomada dos investimentos do setor.

Os indicadores de expansão da atividade - de 0,1% no terceiro trimestre - vieram em linha com as estimativas do último boletim e o resultado, como avaliou a economista, é promissor. O aumento do consumo das famílias no terceiro trimestre em comparação com o segundo também foi forte, de 1,2%, e desta vez não se pode atribuir a performance a um fato episódico, como a liberação de contas inativas do FGTS, que ajudou o desempenho da economia no segundo trimestre.

A desinflação ocorrida este ano - associada a uma retomada ainda que moderada do crédito - ajudou na elevação consumo das famílias. Mas não deve se repetir em 2018. A surpresa inflacionária teve impacto relevante na renda das famílias neste exercício mas, para o próximo ano, a expectativa é de que ocorra exatamente o inverso, na medida que a inflação deve subir para algo mais próximo de 4%, em comparação com um índice menor do que 3% este ano.

A reação dos investimentos depois de um longo inverno é uma boa notícia, mas não se espera dele um comportamento excepcional em 2018. Sílvia Matos estima um crescimento de 3,5% do investimento no ano que vem, ainda liderado por máquinas e equipamentos - que deve ter aumento de 10%. A construção civil deve parar de cair, mas tende a apresentar baixo crescimento em 2018, dependendo do tamanho das incertezas em relação ao futuro decorrente do quadro eleitoral.

Os prognósticos de Sílvia Matos para o PIB são de crescimento entre 2,5% e 3% no próximo ano. O processo de recuperação da economia será gradual, assim como o do emprego. A oferta de emprego vai continuar em elevação, mas deverá aumentar também a taxa de participação - mais pessoas afastadas do trabalho formal vão querer voltar ao mercado.

O aumento da renda que vai financiar o crescimento do consumo no próximo ano não virá da desinflação, mas da expansão do mercado de trabalho. O salário mínimo, por exemplo, que este ano teve ganho real pela queda abrupta da inflação, no próximo exercício vai ter reajuste de 2,5% para uma inflação que tende a crescer em 2018 em relação a 2017.

(Fonte: Valor Econômico)