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Feldmeyer: ex-administrador da Siemens admite suborno à AUB

Publicado: 25 Setembro, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O ex-administrador da Siemens, Johannes Feldmeyer, admitiu ontem (24) em tribunal ter subornado a Comunidade Independente de Funcionários da Empresa (AUB), um sindicato paralelo criado para diminuir a influência do Sindicato dos Metalúrgicos (IG Metall).

Os apoios à AUB elevaram-se a meio milhão de euros por trimestre, revelou Feldmeyer, adiantando que este acordo foi firmado oralmente com o chefe da referida organização, Wilhelm Schelsky, que recebia também pessoalmente os apoios financeiros da Siemens.

Ao todo, foram pagos pelo consórcio ao referido sindicato cerca de 30 milhões de euros, entre 2000 e 2006, dinheiro que serviu, nomeadamente, para financiar campanhas para eleição de membros da AUB para a comissão de trabalhadores.

As facturas das despesas feitas pelo AUB eram enviadas para a morada particular de Feldmeyer, de forma a não despertar suspeitas junto dos funcionários do correio interno ou da contabilidade da Siemens.

"Era bom haver uma AUB forte, para termos uma força alternativa ao IG Metall e por isso apoiávamos a AUB", esclareceu hoje Feldmeyer na sala de audiências do julgamento a decorrer em Nuremberga, no qual está a ser acusado de corrupção activa e tráfico de influências.

O antigo executivo alegou que se militou a cumprir ordens superiores e garantiu que os responsáveis máximos da Siemens, nomeadamente o ex-presidente executivo Heinrich von Pierer, estavam a par de toda a situação.

O AUB retribuiu as "luvas" assinando com a Siemens, por exemplo, em nome dos seus filiados, um acordo sobre a flexibilização dos horários de trabalho, que poupou milhões de euros ao gigante alemão do ramo electrónico.

O sindicato paralelo, que operava não apenas na Siemens, mas em todas as empresas do ramo metalúrgico e electrónico, chegou a ter 10 mil filiados, sendo a maioria membros de comissões de trabalhadores das respectivas empresas.

O ex-chefe da AUB, Wilhelm Schelsky, foi detido em Fevereiro de 2007. Está desde então em prisão preventiva e terá de responder em breve em tribunal por burla, cumplicidade em abuso de confiança e delitos fiscais.

Schelsky era na altura conselheiro da Infineon, filial da Siemens especializada no fabrico de semi-condutores, com um salário anual de dois milhões de euros fixado em 2001 por Feldmeyer, pouco depois do acordo entre a Siemens e a AUB.

Feldmeyer também esteve provisoriamente detido em princípios de 2007, mas foi libertado depois de terem sido recolhidos os indícios que havia contra ele e de ter admitido parcialmente a sua culpa.

Fonte: Lusa