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Fiat vai ao ABC para fechar negócios

Publicado: 31 Julho, 2014 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

A Fiat está interessada em ampliar relações comerciais com fornecedores do Grande ABC, e efetivar negócios que podem chegar a R$ 5 bilhões em compras de ferramentas para cinco projetos que vão sair da fábrica da companhia italiana em Goiana, no Estado de Pernambuco, nos próximos anos. Essa planta fabril, que deve produzir carros da marca Jeep (pertencente ao grupo), será inaugurada em janeiro.

Essas cifras animaram empresários do setor de ferramentaria (ramo da indústria que faz moldes e ferramental para a fabricação de peças) da região que participaram ontem de evento em São Bernardo realizado em parceria da montadora com o APL (Arranjo Produtivo Local) do segmento no Grande ABC.

Na iniciativa, intitulada Fórum Sinergia Fiat/Ferramentarias, na busca de maior competitividade, o foco da fabricante de veículos foi se aproximar das empresas e ajudar a fortalecer essa atividade. “Esse evento surgiu de uma necessidade. A oferta disponível (das indústrias do ramo no País) hoje não é suficiente para a nossa demanda, queremos desenvolver o mercado nacional”, diz a gerente de compras de insumos da Fiat, Dulcinéia Caldeira Brant.

Ela afirma ainda que o Grande ABC é um dos principais polos nacionais nessa área, que já conta com fornecedores da empresa, e que Pernambuco é o foco desse encontro, mas há outras possibilidades, inclusive, para o atendimento a Betim (fábrica mineira da montadora) e também para exportação. O interesse da Fiat se explica, sobretudo, pelo programa Inovar-Auto, do governo federal, que dá incentivo fiscal a empresas que contarem com etapas nacionais de produção e peças fabricadas no País. Além do estímulo tributário e também financeiro, por meio de linha Finame (de compra de máquinas nacionais), do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), há uma vantagem às indústrias locais, em comparação à importação, pela questão logística, destaca a gerente.

O empresário Carlos Manoel Carvalho, coordenador do APL de Ferramentaria do ABC, que aglutina hoje cerca de 130 empresas do ramo na região, considera que essa aproximação da montadora deve se traduzir em resultados. “A Fiat veio para colocar pedidos e estruturar a cadeia, é um grande pacto que estamos fazendo”, diz. Ele cita que cada modelo de veículo significa, em média, 1.380 sets (conjuntos) de ferramentas, ou seja, há muito que pode ser feito nas sete cidades, que reúnem mais de 1.000 companhias do segmento. Para o empresário Paulo Braga, que também integra a coordenação do APL, um dos gargalos para impulsionar a atividade é que falta cooperativismo, ou seja, mais empresas do setor precisam se associar, para buscar sinergias.

“A montadora está cadastrando fornecedores também para identificar as dificuldades e ajudá-los”, completa Carvalho. Isso significa a perspectiva de suporte em capacitação empresarial, financiamento e estruturação de gestão, por exemplo. As perspectivas são grandes, diz o presidente da Abinfer (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentaria), Christian Dihlmann. Ele cita que os cinco projetos que a Fiat deve colocar em operação em Pernambuco podem mais do que duplicar a capacidade instalada do setor, que hoje é de 6 milhões de horas de ferramentas por ano. “Hoje não tem ferramentaria para atender, mesmo porque muitas estão obsoletas, com máquinas velhas, precisamos renovar o parque industrial”, diz.

(Fonte: Diário do Grande ABC)