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'Fora Temer!', dizem trabalhadores na Alemanha

No segundo dia da 4ª Conferência Expressões da Globalização, em Frankfurt, metalúrgicos alemães prestam solidariedade aos brasileiros e pedem respeito à democracia no país.

Publicado: 23 Junho, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

 

Crédito: CNM/CUT
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Metalúrgicos do Brasil e Alemanha protestaram contra governo golpista e ilegítimo

Frankfurt - Na tarde desta quinta-feira (23), os metalúrgicos da Alemanha que participam da 4ª Conferência Expressões da Globalização, em Frankfurt, prestaram solidariedade ao povo brasileiro e repudiaram o ataque dos golpistas, que retiraram do cargo, no início de maio, a presidenta Dilma Rousseff, eleita democraticamente por mais de 54 milhões de pessoas. Ao lado dos trabalhadores brasileiros que participam da Conferência, eles reforçaram o pedido de 'Fora Temer!', que está sendo feito em todo o Brasil e em várias partes do mundo.

Antes da foto para registrar a indignação com o golpe no Brasil, os 80 metalúrgicos alemães e brasileiros presentes ao evento acompanharam a explanação sobre a situação política e os programas de estímulo à indústria brasileira que estavam em andamento e que agora estão ameaçadas caso o golpe seja consolidado com a votação final do impeachment no Senado, prevista para início de agosto.

“Deputados e senadores amplamente envolvidos em casos de corrupção instauraram um processo de impeachment contra a presidenta, acusando-a de irregularidades contábeis para camuflar o déficit nas contas públicas. Essa prática, rotineira de todos os governos brasileiros, não constitui nenhum dos crimes de responsabilidade previstos pela Constituição brasileira. Mas, usaram essa desculpa para dar o golpe que retirou a presidenta do poder”, explicou o secretário geral em exercício da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Loricardo de Oliveira, aos metalúrgicos da Alemanha. 

O dirigente da CNM/CUT também falou das tendências de precarização do trabalho no Brasil. Ele assinalou que uma das principais lutas da CUT e da Confederação é contra o projeto que libera a terceirização para a atividade-fim das empresas. “Além de expandir a precarização a que estão expostos os trabalhadores subcontratados, o PLC 30 [projeto de lei que tramita no Senado] retira conquistas históricas da categoria e elimina as garantias da Súmula 331 do TST (responsabilidade solidária entre contratante e contratada, determinada pelo Tribunal Superior do Trabalho), fragmenta as categoriasprofissionais  e a representação sindical”, informou.

Crédito: CNM/CUT
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Loricardo falou das tendências de precarização do trabalho no Brasil 


Oliveira também destacou a política de valorização do salário mínimo adotada pelo governo do ex-presidente Lula e mantida pela presidenta Dilma Rousseff. Em 2004, as Centrais Sindicais, por meio de movimento unitário, lançaram a Campanha pela Valorização do Salário Mínimo. “O salário mínimo, em maio de 2005, era de R$260 e em 2016 está em R$ 880, um aumento de 238%. É uma política importante tanto do ponto de vista econômico como social, que interfere diretamente também nas aposentadorias”, contou.

Política industrial brasileira
No período da tarde, o técnico da Subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC , Fausto Augusto Junior, também fez uma apresentação sobre o Plano Brasil Maior, política industrial do primeiro mandato do governo Dilma Rousseff. “Os metalúrgicos foram protagonistas neste processo, influenciando as decisões com o objetivo de defender o emprego e a indústria nacional. Os trabalhadores participaram dos fóruns e conselhos de competitividade setoriais tripartites [governo, empresário e trabalhador], além de apresentarem propostas de qualificação profissional”, disse.

Crédito: CNM/CUT
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Fausto apresentou o Plano Brasil Maior, política industrial do primeiro mandato de Dilma

O economista também falou sobre o programa Inovar Auto, que tinha como principal objetivo criar condições e garantir a competitividade da indústria automotiva nacional. “O Inovar trazia uma série de metas e exigências – com foco na melhoria da eficiência energética dos veículos; em investimento em tecnologia e pesquisa e desenvolvimento e nacionalização das etapas produtivas, que eram compensadas com estímulos e incentivos do governo federal”, explicou. O programa Inovar Auto abriu portas para outros setores que também precisam de incentivos para continuar crescendo”, assinalou.

A Conferência
O programa de Conferências entra metalúrgicos brasileiros e alemães é uma realização da Fundação Hans Böckler e da CNM/CUT, em parceria com o Instituto Integrar e o IG Metall (Sindicato Nacional dos Metalúrgicos na Alemanha). A 1ª Conferência ocorreu em 2009, no Brasil. Em 2012, foi a vez dos brasileiros irem à Alemanha. Já 3º Conferência aconteceu novamente no Brasil, em novembro de 2014.

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(Fonte: Shayane Servilha - Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)