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França: Macron nacionaliza estaleiro STX em Saint-Nazaire

Publicado: 28 Julho, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

O governo de Emmanuel Macron decidiu nacionalizar o estaleiro STX no lugar de entregá-lo para o grupo italiano Fincantieri. Fez isso de forma “temporária” para “defender os interesses estratégicos da França”, declarou o ministro da Economia ao jornal Le Monde.

Instado a decidir sobre o futuro dos estaleiros navais de Saint-Nazaire, Macron decidiu pela estatização, no lugar de entregar a um problemático acionista italiano. Nesta quinta-feira (27), formalizou-se a operação e, segundo o ministro da Economia, Bruno Le Maire, deverá ser concretizado até sexta-feira à noite. O Estado já tem 33% desses ativos. Agora faz o provimento sobre o resto do capital.

Esta é a primeira decisão de Macron, importante para a questão industrial. Muitos previam um programa de privatização, mas ele inaugura seus cinco anos de mandato com uma nacionalização inesperada.

Bruno Lei Maire disse que a decisão é temporária para dar tempo ao governo para uma melhor negociação e um bom acordo. Esses estaleiros não ficarão sob o controle do Estado, disse ele, não é esta a intenção, mas eles têm grande importância para a França, quer por seu histórico, com navios como o Normandia, o França ou o Queen Mary 2, e por ser uma área estratégica.

Durante a última crise no setor, a carteira de pedidos do STX estava vazia, e o governo deu o primeiro passo para evitar um fechamento permanente, preservando empregos e a economia.

Além disso, uma outra ameaça surgiu no horizonte com a falência da STX: o conglomerado acionista majoritário da Coreia do Sul, para recuperar algum dinheiro, tentou vender a filial francesa. O único candidato a apresentar oferta foi a Fincantieri, o grande rival histórico de Chantiers de l’Atlantique. O grupo italiano foi escolhido pelo tribunal de Seus para retomar a STX France, ou seja, os estaleiros de Saint-Nazaire pelo preço de 79,5 milhões de euros por 66,6% de participação.

Esta perspectiva de tomada dos estaleiros pelos italianos causou preocupação, por três questões principais. A primeira, estão em jogo os 7 mil empregos. A segunda é a ligação da Fincantieri com a China, e o medo desta capacidade de construção seguir para a Ásia. E, por fim, Saint-Nazaire é o único local capaz de construir grandes cascos de navios militares.

Por estes perigos, François Hollande e sua equipe chegaram a um acordo com Roma. Eles contestaram, afirmando ter mais direitos. Eleito, Macron desafiou o compromisso firmado e propôs um capital social na base do meio-a-meio entre franceses e italianos. Eles recusaram, dizendo ter mais de 50%. Assim, o governo francês decidiu usar o direito de preferência, mesmo que, com isso, desagrade o governo italiano.

A direita acabou por entender a ação de Macron. A esquerda acha a nacionalização bem-vinda, pelos interesse industrial e estratégica. Já a liderança da STX achou uma decisão que carrega o prenúncio de “um novo tempo infeliz”.

(Fonte: Jornal GGN)