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Gerdau sofre derrotas dos trabalhadores e da Justiça

Publicado: 29 Fevereiro, 2016 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Divulgação
Em Sapucaia, na presença de juíza assembleia reafirmou rejeição ao abonoEm Sapucaia, na presença de juíza assembleia reafirmou rejeição ao abono
Em Sapucaia do Sul, na presença de juíza assembleia reafirmou rejeição a abono

Na última semana, a Gerdau foi foco de notícia sob aspectos distintos. Do ponto de vista institucional, ela tornou-se uma das principais investigadas na Operação Zelotes, que apura propinas para obter vantagens fiscais. Já no âmbito trabalhista sofreu duas derrotas: foi multada pelo Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte em R$ 30 milhões por registro irregular da jornada de trabalho (leia aqui); e, em Sapucaia do Sul (RS), foi derrotada pelos metalúrgicos em sua manobra de tentar, com a ajuda de uma juíza da cidade, impor o pagamento de abono em vez de reajuste salarial estabelecido na convenção coletiva.

O episódio na Gerdau de Sapucaia do Sul – que fica na base do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo – aconteceu no último dia 22, quando uma comissão de funcionários montada pela própria empresa convocou uma assembleia a pedido de uma juíza do Trabalho para colocar em votação a proposta de abono defendida pela Gerdau.

A assembleia teve a participação da juíza e, mesmo com a pressão patronal que vêm sofrendo há tempos, 90% dos trabalhadores votaram contra a troca do reajuste pelo abono, reafirmando a decisão que já haviam tomado em assembleias anteriores conduzidas pelo Sindicato.

“Agora, tanto trabalhadores quanto sua entidade de classe esperam que a Gerdau se conforme com a decisão soberana reafirmada mesmo sob essa tentativa de coação feita na assembleia conduzida pela juíza”, afirmou Loricardo de Oliveira, secretário geral em exercício da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT).

Loricardo, que também é diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo, destacou que a alegação da Gerdau, de que não tem dinheiro para pagar o reajuste dos trabalhadores em função da crise no setor siderúrgico, na realidade também reflete um “problema de má gestão administrativa” e que a Operação Zelotes pode trazer isso à tona.

Segundo o sindicalista, é fato que a indústria da siderurgia passa por um momento difícil e não apenas no Brasil e que isso merece a construção de uma política industrial para o segmento. “Por isso, a CNM/CUT tem, junto com os sindicatos que têm siderúrgicas na base, debatido propostas para o segmento. Já fizemos uma reunião com o Instituto do Aço (que representa as indústrias do setor) e recentemente com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Queremos construir uma agenda com governo e empresários, para debater uma política específica para a siderurgia”, assinalou.

Acordo de leniência
No que se refere à Operação Zelotes, a estimativa é de que a Gerdau tenha sonegado R$ 1,5 bilhão. A Operação apura fraudes em julgamentos de recursos contra multas da Receita Federal no CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A empresa é suspeita de pagar propina a empresas, que repassavam a conselheiros e ex-conselheiros do Carf, onde as multas são julgadas.

“Nossa preocupação em relação a esse escândalo é que, a exemplo do que ocorreu com as prestadoras de serviços à Petrobras, as consequências recaiam sobre os trabalhadores. Por isso, sempre reivindicamos que a punição seja aplicada aos CPFs e não ao CNPJs”, disse Loricardo, defendendo que os julgamentos sejam apenas das pessoas que administram as empresas.

O dirigente da Confederação lembrou ainda que a entidade defende os acordos de leniência, ou seja, que as empresas e seus funcionários não sejam punidos por conta da má índole de seus diretores. “O governo editou no final do ano uma Medida Provisória a respeito. De nossa parte, consideramos isso muito efetivo para garantir que empresários envolvidos em escândalo simplesmente deixem de pagar salários, de manter produção e de colocar milhares de pais de família nas ruas, como aconteceu no setor naval”, ressaltou.

(Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)