Investimento: BMW vai produzir motos de luxo no Brasil

A montadora alemã BMW vai produzir motocicletas de alta cilindrada no Brasil. A ideia é iniciar o projeto em breve e, para isso, estuda usar parte da fábrica e a infraestrutura de distribuição da brasileira Dafra, que entrou no ramo de duas rodas há menos de dois anos e opera com ociosidade.

A Dafra produz em Manaus cinco modelos com peças importadas da China e detém 4,53% de participação nas vendas nacionais. No mês passado, anunciou parceria com a indiana TVS Motor para início da produção de modelos da marca até o fim do ano. Com a BMW, a proposta é locar parte da área, mas a produção será comandada pela marca alemã, assim como os funcionários, segundo fontes do mercado.

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) já aprovou projeto para a produção de motos acima de 450 cm³ da marca BMW e informou que, inicialmente, o projeto vai consumir R$ 4,9 milhões.

"É a primeira produção da BMW fora da Alemanha", disse a superintendente da Suframa, Flávia Grosso. Procurada ontem, a representante da Dafra confirmou que os grupos estão em negociação, mas não deu detalhes. "O contrato ainda não foi assinado", justificou. A BMW não comentou o tema.

Hoje, as motos BMW são importadas da Alemanha pela própria representante da marca e vendidas a preços que variam de R$ 34,5 mil (G 450 X) a R$ 94,9 mil (K 1300 GT). De janeiro a julho, foram vendidas 831 unidades, um aumento de 9,3% ante igual período do ano passado. No mesmo intervalo, o mercado total de motos caiu 29,9%, para 909,4 mil unidades.

Segundo a Suframa, o projeto prevê a produção de mil motocicletas da BMW no primeiro ano de operação, volume que vai a 1,2 mil no segundo ano e a 1,44 mil no terceiro.

Após a aprovação do órgão, que acompanha a nacionalização gradativa de algumas peças do veículo, a empresa tem três anos para iniciar o projeto. O tempo pode ser encurtado se a empresa fizer um acordo com a Dafra, que já tem fábrica e direito a incentivos fiscais.

Fabricantes

O Brasil tem hoje 11 fabricantes de motos em operação (dez em Manaus), sendo que a Honda, sozinha, responde por 71,28% das vendas, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave). As demais são Yamaha, Suzuki, Dafra, Sundown, Traxx, Garini, Kasinski (vendida na semana passada para a CR Zongshen), Harley Davidson, Bramont e Haobao. Outros oito projetos foram aprovados pela Suframa, mas ainda não estão operando: Ever, Ame, Miza, MTD, Fyn, Tecway, Kawasaki, CR Zongshen (que adquiriu terreno recentemente) e Ícone. Um nono projeto está em análise. A maioria vai usar peças importadas da China.

A Dafra já investiu R$ 66 milhões na linha de montagem em Manaus e emprega 553 funcionários. Ao menos 30 pessoas serão contratadas para o projeto da BMW, informou a Suframa. As motos vendidas pela Dafra custam de R$ 3 mil (Super 100) a R$ 10 mil (Kansas 250).

A linha de Manaus tem capacidade para cerca de 100 mil unidades ao ano, de acordo com dados divulgados pelo presidente do grupo, Creso Franco, durante o lançamento da marca, no início do ano passado. No primeiro semestre, produziu 26,5 mil unidades. A empresa pertence a um grupo familiar que atua em vários negócios, entre os quais o de revenda de carros.

O segmento de motos no Brasil vinha registrando sucessivos recordes de vendas desde 2000. No ano passado, foram 2,12 milhões de unidades. Este ano, o mercado foi freado pela crise financeira, que dificultou o crédito.

Fonte: Agência Estado