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Jim McNerney: presidente vive pesadelo no comando da Boeing

Publicado: 29 Abril, 2008 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Para alguém que quebrou recordes de lucro durante três anos no emprego, o presidente da Boeing, Jim McNerney, se vê num estranho apuro: as ações da sua empresa estão sendo esmurradas e seu legado como diretor-presidente está a perigo.

Embora a Boeing tenha divulgado semana passada aumento de 38% em seu lucro líquido no primeiro trimestre, McNerney está diante de duros questionamentos sobre quando as ações vão subir e sobre seu desempenho mais direto na solução dos problemas da empresa. Hoje, McNerney vai encarar os investidores na assembléia geral ordinária da empresa, a primeira desde que a Boeing começou a enfrentar turbulência em dois de seus mais destacados programas de jatos.

O 787 Dreamliner da companhia, que deveria ser um modelo de como ela vai construir jatos no futuro, está com o cronograma atrasado pelo menos 15 meses porque a Boeing não supervisionou seus fornecedores mais de perto. E a recente decisão da Força Aérea dos Estados Unidos de substituir sua frota de tanques de reabastecimento aéreo, feita pela Boeing, por aviões fabricados pela concorrente Airbus levantou questões sobre o papel da empresa como principal fornecedora de aviões de grande porte para os militares americanos.

As ações da Boeing tiveram queda superior a 26% depois de alcançarem o recorde de US$ 107,88 em 25 de julho. Quarta-feira, elas se recuperaram 5% depois de a companhia divulgar aumento de dois dígitos em lucros e de um dígito em receita. O mais importante é que os analistas parecem estar aliviados com a garantia dada por McNerney de que a Boeing sabe como consertar seus problemas. Sexta-feira a ação fechou a US$ 84,84, com alta de 2,2%.

Numa recente entrevista ao Wall Street Journal, McNerney não quis classificar a situação do 787 e dos aviões-tanque como crise, preferindo referir-se a elas como "desafios gêmeos". Mas a situação forçou uma mudança na maneira de trabalhar desse executivo de 58 anos. Com experiência em empresas que enfatizam o processo, como a General Electric Co. e a 3M Corp., McNerney aceitou o emprego na Boeing, em 2005, com uma dedicação confessadamente "chata" a conceitos como manufatura eficiente, trabalho em equipe e planejamento de sucessão. Ele tem evitado a exposição que seus antecessores apreciavam, ficando nos bastidores para dar espaço a seus administradores.

Hoje, no entanto, ele está vasculhando pessoalmente as fileiras de executivos da empresa para colocar os melhores talentos em posições-chave. Ao mesmo tempo, tem pressionado os executivos a atuar mais decisivamente e marcado presença no chão das fábricas, às vezes visitando diretamente trabalhadores da linha de montagem.

"Temos 240 programas na empresa e um deles agora toma minha atenção mais do que qualquer outro: é o 787", diz McNerney. "No fim", ele acrescenta, "espero que sejamos definidos pelo 787, mas não neste exato momento". A Boeing deu notícias sombrias pela terceira vez quando, no começo deste mês, diretores avisaram que o projeto havia sido adiado em mais seis meses.

A Boeing reduziu o número de aviões 787 a entregar nos primeiros meses de produção, para permitir que os fornecedores se preparem. Alguns analistas acreditam que as empresas aéreas poderiam responsabilizá-la por até US$ 4 bilhões em penalizações por descumprimento de prazos. A Boeing afirma que é cedo para estimar esses custos, mas pretende contabilizar as primeiras 25 entregas com margem de lucro zero para cobrir as penalidades.

Fonte: The Wall Street Journal