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Jornalistas viraram roteiristas da Lava Jato, denuncia Chaer

Publicado: 02 Outubro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Márcio Chaer, assessor de clientes investigados na Lava Jato, publicou um artigo na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (2) chamando a atenção para o fato de como denúncias sem substância ganham eco — e muitas vezes respaldo jurídico — através da ação de jornalistas.

Confira abaixo trechos do texto:

"A exaltação aos protagonistas do fenômeno apelidado Operação Lava Jato não faz justiça a um herói quase anônimo dessa história: os jornalistas, que deixaram a cômoda posição de meros observadores para se tornarem participantes ativos do processo.

Nessa gangorra, a notícia alavanca o inquérito, que gera outra notícia, que dá à luz a denúncia, que, por sua vez, proporciona manchetes. Na falta de investigação, suposição vira verdade absoluta com a publicação da notícia.

A Revolução Judicial brasileira segue a trilha da Revolução Cultural Chinesa: denuncismo, execração e condenações sem julgamento. Falta queimar livros.

(...)

O jogo mudou o eixo de poder nas redações. Os profissionais mais valorizados do mercado são os que têm relações com procuradores. O preço: divulgar a informação oficial como verdade absoluta. Os jornalistas que integram a "força-tarefa" são os roteiristas da Lava Jato.

O processo judicial está sob julgamento moral -não da norma jurídica. Fatos apenas constrangedores são promovidos à condição de "escândalo".

Ao descrever a chama de um fósforo como incêndio na floresta amazônica, a imprensa leva um general voluntarista a dizer que os militares podem tomar o poder para conter tanta corrupção. Se um general não compreende a ilusão de ótica produzida pelo populismo de jornalistas que fraudam notícias, quem compreenderá?"

(Fonte: Brasil 247)