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Kleinfeld diz que Siemens melhorou controles

Publicado: 22 Dezembro, 2006 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

O diretor-presidente da Siemens AG, Klaus Kleinfeld, disse ter esperança de que a dimensão financeira da alegada fraude no conglomerado vá diminuir em relação aos 420 milhões de euros (US$ 554 milhões) em transações que foram identificadas como suspeitas.

Kleinfeld defendeu ontem, em entrevista ao Wall Street Journal, o papel da diretoria na investigação sobre corrupção e lavagem de dinheiro, dizendo que a empresa alemã, o maior grupo de engenharia da Europa, reforçou os procedimentos para garantir o cumprimento de regras nos últimos anos.

Mas ele também reconheceu que a investigação, que forçou o adiamento de uma fusão de 16 bilhões de euros das divisões de equipamentos de telecomunicações da Siemens e da finlandesa Nokia Corp., expõs as deficiências da companhia em governança corporativa.

'Não acho que ninguém possa alegar que não estava ciente do comportamento que era esperado pela diretoria', disse Kleinfeld na sede da empresa, acrescentando que estava 'chocado' e 'decepcionado' pelos sinais de irregularidades.

Kleinfeld disse que a investigação mostra que a Siemens não é 'a melhor da turma' quando se trata de governança corporativa, como havia dito no passado. 'Com o conhecimento que tenho hoje, eu recuaria completamente nessa opinião', disse ele, que entrou para a empresa em 1987 e tornou-se diretor-presidente em janeiro de 2005.

A Siemens informou na semana passada que havia descoberto 420 milhões de euros em transações suspeitas de até sete anos atrás - o dobro do valor que promotores alemães haviam considerado no mês passado, depois que mais de 200 policiais vasculharam os escritórios da empresa. Os promotores prenderam vários atuais e ex-empregados, entre eles alguns diretores.

Os investigadores suspeitam que funcionários da empresa desviaram recursos para contas bancárias secretas e contratos falsos de consultoria para pagar propinas a potenciais clientes fora da Alemanha. A própria Siemens não foi acusada de nenhuma irregularidade.

Entre os que foram presos até agora estão Thomas Ganswindt, um ex-membro da diretoria que saiu da Siemens no fim de setembro. Ganswindt foi liberado ontem depois de negar qualquer irregularidade, disse seu advogado.

As alegações de corrupção são as mais fortes que já atingiram a Siemens, que atua em quase 200 países e foi envolvida em outros escândalos de corrupção no passado. Elas também surgem num momento delicado para Kleinfeld, que está pressionando bastante para reestruturar divisões deficitárias.

Kleinfeld reiterou ontem que a Siemens acredita que as irregularidades alegadas estavam confinadas a sua divisão de equipamentos de telecomunicações e a um grupo de indivíduos que driblaram controles financeiros por iniciativa própria. Ele disse que a Siemens está sendo 'muito conservadora' ao chegar ao total de 420 milhões de euros em transações suspeitas e espera que uma auditoria constate que algumas dessas transações foram legítimas.

O executivo de 49 anos disse que o conglomerado, que produz de equipamentos médicos a turbinas de geração elétrica e lâmpadas, adotou controles mais fortes nos últimos anos, de modo que as transações financeiras requerem múltiplas assinaturas. O processo de aprovação para contratos de consultoria também foi fortalecido no ano passado, acrescentou.

Fonte: The Wall Street Journal