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Líder do MTST critica 'intolerantes' em ato com show de Caetano Veloso

Publicado: 11 Dezembro, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Em evento em comemoração aos 20 anos do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), com a presença de Caetano Veloso, o líder do movimento, Guilherme Boulos, afirmou neste domingo (10) que o país vive um momento em que "intolerantes saíram do armário". Segundo ele, os brasileiros saberão fazer com que eles sejam "varridos".

Boulos citou racistas e homofóbicos e disse que foi a intolerância que impediu show de Caetano no mega-acampamento do grupo no dia 30 de outubro, em São Bernardo do Campo, após veto da Justiça.

"O que conseguiram foi que um show para 7 mil pessoas em São Bernardo virasse um show para 30 mil no Largo da Batata", disse Boulos, que também criticou a proposta da reforma da previdência. A Polícia Militar não deu estimativa de público.

Caetano subiu ao palco ao lado de Maria Gadú, Pericles e Criolo. Ele fazia as vezes de um anfitrião, enquanto os convidados se revezavam no palco. Caetano destrinchou seu repertório de sucessos e mesmo canções aprazíveis tomaram conotações políticas.

Foram aplaudidos versos como o "grande poder transformador", de "Desde que o Samba É Samba", "gente é para brilhar, não para morrer de fome", de "Gente", faixa que planejava cantar em São Bernardo. No refrão de "Odeio", o público completava os versos com o nome do presidente Michel Temer. O cantor deixou o ato sem falar com a imprensa.

Artistas como a atriz Sônia Braga e políticos como o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Eduardo Suplicy (PT) estiveram presentes.

Boulos, possível candidato à Presidência pelo PSOL, é um dos idealizadores do Vamos, movimento que nasce da busca de uma alternativa ao PT e é inspirado no Podemos espanhol. Caetano declara seu voto ao presidenciável Ciro Gomes (PDT).

Após integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) anunciarem que varreriam o Largo da Batata após o show de Caetano, o MTST se juntou para varrer a praça. "Pra tristeza de alguns que se dizem varredores nós vamos deixar o Largo da Batata limpo", disse Boulos.

Caetano foi proibido de se apresentar em São Bernardo em apoio à ocupação de um terreno privado por mais de 7.000 famílias. Nas contas do MTST, é a maior ocupação nos últimos anos — a Copa do Povo, feita em Itaquera (zona leste) meses antes do mundial de futebol, tinha 3.500.

O movimento diz que o imóvel, da construtora MZM, estaria vazio há mais de 30 anos. A empresa afirma que, como "legítima proprietária do terreno desde 2008 e tendo seus direitos resguardados sobre sua propriedade, aguarda que a lei e a ordem judicial que determinou a reintegração de posse sejam cumpridas de forma pacífica".

No início deste mês, o MTST ocupou a sede da Secretaria de Estado da Habitação, no centro da capital paulista, em protesto contra a reintegração de posse determinada pela Justiça em São Bernardo. Na noite de sexta (8), o prédio foi desocupado.

(Fonte: Folha de S. Paulo)