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Lucro líquido da EADS cai 93% no primeiro semestre do ano

Publicado: 27 Julho, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

A European Aeronautics Defence and Space (EADS) anunciou hoje uma queda de 93% em seu lucro líquido no primeiro semestre do ano em comparação a igual período de 2006, para 71 milhões de euros. Na comparação entre o resultado do segundo trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado, o lucro recuou 85%, para 81 milhões de euros. O motivo para essa drástica redução são as operações de sua subsidiária Airbus, que representa mais de 60% de seu faturamento e enfrenta sérios problemas financeiros desde o ano passado.

Apesar da forte retração nos lucros, o faturamento da EADS caiu mais suavemente. Foram 3% de retração no semestre, para 18,5 bilhões de euros, e de 4% no trimestre, para 9,5 bilhões de euros. O motivo para a redução nas vendas, segundo a empresa, é o dólar mais fraco e a ausência de um item não recorrente registrado no início de 2006. A queda só não foi maior dado o grande número de entregas e de pedidos da Airbus no período.

No semestre, o volume de pedidos recebidos pela fabricante de aviões subiu 664%, atingindo a marca de 60,3 bilhões de euros. Com isso, a carteira de pedidos da empresa chegou a 251,7 bilhões de euros (contra 210,1 bilhões de euros no final de 2006).

No consolidado com as outras divisões, houve alta de 396% no volume de pedidos feitos à EADS (para 70,2 bilhões de euros) e de 17% na carteira de pedidos (para 308,2 bilhões de euros). Essas altas foram obtidas mesmo com um impacto de 5,4 bilhões de euros causado pela desvalorização do dólar.

Entre janeiro e junho, segundo a EADS, a Airbus entregou 231 aviões, 12 a mais quem no mesmo intervalo de 2006.

Apesar disso, houve uma queda de 2% no faturamento no semestre, para 12,8 bilhões de euros, e de 7% no segundo trimestre, para 6,2 bilhões de euros. Essa retração, mais os gastos de 500 milhões de euros com o projeto do avião A350XWB e de 688 milhões de euros com o programa de reestruturação da companhia, fez cair drasticamente o lucro da subsidiária.

O lucro operacional da Airbus caiu 99% no semestre, chegando apenas a 19 milhões de euros, e recuou 89% no trimestre, para 88 milhões de euros.

Desde o início do ano passado a empresa vem sofrendo com problemas em seus principais programas, o já citado A350XWB e, principalmente, o do superjumbo A380. Enquanto o projeto do primeiro teve de ser totalmente reformulado para atender a exigências de clientes, o segundo apresentou várias falhas, que tiveram de ser corrigidas já com o programa em andamento.

No caso do A350, as falhas prejudicaram sua comercialização, pois ele só entrará em operação cinco anos após aquele que será seu principal concorrente, o 787 Dreamliner da Boeing, que começa a voar neste ano.

Já o cronograma do A380, por conta das correções no projeto, foi atrasado em pelo menos três ocasiões. Assim, o primeiro avião, que deveria ter sido entregue em 2006, só entrará em operação em outubro deste ano. E, depois dele, o segundo só será enviado ao comprador em meados do ano que vem. Os atrasos levaram muitas empresas a cancelar pedidos e, em outros casos, pedirem compensações financeiras à Airbus.

A performance financeira da Airbus ainda mostra os sinais de desafios bem conhecidos, mas os negócios estão ótimos e os recentes pedidos ressaltam o quão competitivos nossos produtos são, disseram os executivos-chefes da EADS, Tom Enders e Louis Gallois. Ultimamente, a lucratividade é a melhor medida de nosso sucesso. Em nossos novos papéis dentro de uma estrutura mais eficiente, vamos continuar a fazer o que é importante para o grupo - oferecer a nossos clientes ótimos produtos e transformar nossa vasta carteira de pedidos em lucros, o que salienta o aumento de nosso foco em um robusto gerenciamento de programas, disseram. Em assembléia no início deste mês, a companhia decidiu modificar sua estrutura de comando. Assim, o alemão Enders deverá atuar como executivo-chefe da Airbus, enquanto o francês Gallois deve se manter no comando do grupo EADS, sem mais dividirem cargos.

Para o ano, a empresa manteve suas projeções, prevendo que o lucro operacional do grupo terminará no mesmo patamar do ano passado, com uma expectativa de a Airbus entregar entre 440 e 450 aeronaves.

Fonte: Valor