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Lula: 'Querem me crucificar mas vou lutar até o fim pelo povo nordestino'

Na inauguração popular da transposição do Rio São Francisco, neste domingo (19), ex-presidente lembrou da seca na infância e das políticas de seu governo.

Publicado: 20 Março, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Crédito: Ricardo Stuckert
Lula é recepcionado por milhares de nordestinosLula é recepcionado por milhares de nordestinos
Lula é recepcionado por milhares de nordestinos

A cidade de Monteiro, no sertão da Paraíba, presenciou um evento épico, neste domingo (19), dia de São José, em que a presidente eleita Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de 2016, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Ricardo Coutinho fizeram a inauguração popular da transposição do São Francisco, uma obra que beneficia 12 milhões de nordestinos atingidos pela seca e é a principal realização brasileira nas últimas décadas.

Idealizada pelo Imperador Dom Pedro II em 1877, depois de uma grande seca no Nordeste, a obra só começou a sair do papel no governo do ex-presidente Lula e foi construída na gestão de Dilma. Duas semanas atrás, Michel Temer, que chegou ao poder depois do golpe parlamentar de 2016, fez uma inauguração formal, mas teve que se esconder da população, que não o reconhece como ocupante legítimo do cargo que exerce. Neste domingo, mais de vinte mil pessoas se dirigiram a Monteiro, num evento que foi chamado de celebração das águas e teve direito à apresentação de artistas locais e de nomes consagrados, como o cantor e compositor paraibano Chico César.

Crédito: Ricardo Stuckert
Monteiro em festa com inauguraçãoMonteiro em festa com inauguração
Monteiro foi sede da inauguração popular

O senador Humberto Costa (PT-PE) lembrou os obstáculos da transposição. "Diziam que era faraônica, diziam que não sairia do papel e a transposição está aí. Isso é só o começo da redenção do Nordeste", afirmou. "O povo quer de volta o maior presidente da História do Brasil. E quando o povo quer, não tem Moro, não tem Globo, não tem Judiciário que impeça". Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores, também discursou e disse que a história começou a mudar no dia 15 de março, quando 1,5 milhão de brasileiros foram às ruas contra a reforma da Previdência. "Um Congresso corrupto não vai tirar nossos direitos", disse ele. Em vários momentos, os discursos eram interrompidos com gritos de "Fora Temer".

O governador paraibano, Ricardo Coutinho, exaltou a figura de Lula. “Para fazer essa obra não podia ser membro da elite, tinha que ser do povo, tinha que ser de Garanhuns”, disse ele. Coutinho destacou, em sua fala da inauguração popular da transposição do Rio São Francisco, a vitória do povo contra o coronelismo. “Nós sabemos o que era o Nordeste, o que não faltava era carcaças de animais na seca, pessoas invadindo mercearias para saquear e matar a fome, não tínhamos Universidade, não tínhamos Institutos federais, não tínhamos cisternas para o homem da terra.”

Dilma falou do projeto recebido de Lula e de como executou a obra. “O presidente Lula deixou um projeto pronto, e eu tenho a honra de ter dado prosseguimento. Vejam vocês a cara de pau de dizerem que a obra podia ser feita e resolvida em 6 meses”, afirmou Dilma.  Ela ainda declarou que o governo atual “nunca levantou um dedo pela Transposição”, e chamou a população para votar as urnas em 2018, elegendo Lula como presidente. “Esse golpe ainda está em andamento, e não deixaremos que nos impeçam de competir em 2018. Ganharemos essa eleição em outro de 2018. Vamos exigir que haja eleição, que os competidores não sejam impedidos de competir. No tapetão não. Em 2018 teremos um encontro com a democracia e vamos vencer mais uma vez as eleições", acrescentou.

"Querem me crucificar"
No encerramento, um Lula emocionado também emocionou o público presente. "Sair de onde eu saí, e chegar onde eu cheguei, só sendo as mãos de Deus. Conseguir iniciar essa obra e vê-la pronta é maravilhoso”, afirmou.

“Se querem crucificar, criem vergonha e não queiram crucificar 204 milhões de pessoas que eu sempre defendi. Essa gente não sabe o sofrimento do povo, costuma dizer que o povo do Nordeste é ignorante, ignorantes são eles”, acrescentou.

Lula finalizou seu discurso afirmando que são sabe quanto tempo mais tem de vida, mas garantiu que “se tiver um só minuto será para lutar, levantar o povo nordestino”.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNMCUT), Paulo Cayres, compareceu à atividade e destacou o reconhecimento do povo nordestino a Lula e Dilma. "A presença de milhares de pessoas à inuaguração popular mostra que o Nordeste e os trabalhadores sabem reconhecer quem de fato está com eles e não quer retirar direitos e conquistas, como os golpistas que tomaram o poder no Brasil", assinalou Cayres.

(Fonte: Brasil 247, com informações da CNM/CUT)