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Mais de 60% dos carros não atendem ao Inovar-Auto

Publicado: 04 Agosto, 2017 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

As montadoras trabalham para se livrar este ano de uma incômoda pedra no sapato: as metas de eficiência energética que o Inovar-Auto impõe aos carros vendidos no Brasil a partir de 2018. O programa chega ao fim em dezembro deste ano e dará lugar à Rota 2030, política industrial que está em discussão e deve buscar redução mais rigorosa no consumo de combustível e nas emissões de poluentes para além de 2022. Dados preliminares apurados por Automotive Business com base no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro/Conpet, mostram que 60% dos carros à venda no País não atendem à redução mínima de 12% no consumo de combustível exigida pelo Inovar-Auto em comparação com 2011 – porcentual que equivale à média de consumo energético de 1,82 MJ/km (com base no peso médio do carro nacional de 1,21 tonelada). Isso não quer dizer contudo, que a meta geral não será atingida, porque ela é calculada sobre a média da frota vendida de cada fabricante.

As empresas que não atenderem à legislação de melhoria de eficiência energética estão sujeitas a multas cobradas sobre cada carro irregular vendido, valor que poderia chegar bilhões de reais. Com ajuda de especialistas, a reportagem analisou 551 modelos oferecidos no mercado nacional listados no PBEV em outubro passado. Enquanto a maior parte não atende ao Inovar-Auto, 12,7% destes veículos cumprem a exigência de melhoria mínima. Outros 27,1% superam este patamar de redução das emissões e, como resultados isolados, alcançam nível que garantiria descontos no IPI. São 100 carros que apresentam redução consumo acima de 15%, o que rende à montadora desoneração de 1 ponto porcentual no IPI caso este fosse o resultado médio de toda a frota vendida. Outros 149 carros alcançam a meta mais desafiadora do programa, com economia maior que 18,8% e média abaixo de 1,64 MJ/km.

Ainda que os dados isolados do PBEV mostrem um cenário genérico da eficiência energética dos carros à venda no Brasil, no fim das contas os resultados podem ser bem diferentes dos números apurados pelo Inmetro, já que o Inovar-Auto considera a média ponderada da frota efetivamente emplacada, não do portfólio de modelos ofertados. Uma empresa que tem uma série de carros beberrões em sua gama e alguns poucos veículos eficientes pode garantir boa performance se estes últimos corresponderem à maior parte de suas vendas.

Dessa forma, na corrida para atender ao Inovar-Auto, a restrição da oferta de automóveis mais poluentes nas concessionárias pode ser estratégia vitoriosa. Ao longo de 2017 as montadoras ainda seguem promovendo ajustes na gama, com a retirada de alguns carros e a oferta de versões mais amigáveis ao meio ambiente (e ao bolso). O prazo final para as medições é em setembro deste ano para que os resultados sejam submetidos ao governo no mês seguinte.

Audi, a Ford e a Nissan foram as únicas três marcas que anteciparam as medições para setembro de 2016, a primeira data possível. As empresas desenharam estratégia para cumprir a meta intermediária de redução de 15% no consumo e assim garantiram o direito ao desconto de 1 ponto porcentual no IPI já a partir deste ano.

Com este resultado, a Audi é um bom exemplo de que é possível alcançar o patamar imposto pelo Inovar-Auto mesmo com ampla oferta de veículos que extrapolam o nível de consumo de combustível permitido pelo programa. Dos 45 modelos vendidos pela marca alemã no Brasil, 75,5% não atendem ao nível mínimo de melhoria da eficiência energética. Ainda assim, a marca não só cumpriu o patamar exigido como superou e recebeu incentivo adicional, pois suas opções mais econômicas foram também as mais emplacadas. Além disso, outra característica particular da Audi é que seus carros usam o sistema start-stop, que influencia pouco a medição na bancada de testes, mas aumenta substancialmente a economia no anda-e-para das cidades, por isso o equipamento garante créditos extras de eficiência fora do ciclo de medição.

Os resultados vistos até agora são um indício de que, no fim do Inovar-Auto, a ampla maioria das montadoras brasileiras deve alcançar as metas do programa, como demonstra recente levantamento da consultoria Bright, que levou em conta também o volume de vendas de cada modelo para calcular os índices já atingidos pelas fabricantes. Aparentemente os números impostos não são tão rigorosos quanto a indústria apontou há alguns anos, quando as metas foram anunciadas e as empresas declararam que teriam de fazer investimentos milionários em tecnologia para cumpri-las.

(Fonte: Automotive Business)