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Mercado interno não compensa perda com exportações

Publicado: 22 Junho, 2007 - 08h00

Escrito por: CNM CUT

Garbade, presidente da Bosch, diz que participação das exportações na receita cairão de 46% em 2005 para 30%, em 2009

Estimulado pelo crédito farto, o mercado automotivo brasileiro cresce com consistência, estimula investimentos, coloca os fornecedores no limite da capacidade de atendimento da demanda mas ainda é insuficiente para compensar integralmente o impacto negativo do câmbio sobre as exportações da Bosch do Brasil. Isto só deve ocorrer em 2009, quando a empresa espera finalmente voltar a expandir o faturamento líquido depois de três anos de estagnação na casa dos R$ 3,7 bilhões, previu ontem o presidente da companhia para a América Latina, Edgar Garbade.

Até lá, com o dólar em torno de R$ 1,90, a Bosch pretende reduzir as exportações para o equivalente a 30% da receita, disse o executivo. A participação chegou ao pico de 46% em 2005, quando o faturamento no Brasil somou R$ 4 bilhões, mas a fatia caiu para 42% no ano passado, deve ficar entre 38% e 39% em 2007 e baixar para 35%, em 2008. O setor automotivo responde por 80% das vendas da empresa, que também produz equipamentos industriais e bens de consumo.

Com as vendas externas no patamar dos 30% a empresa terá uma proteção natural contra a desvalorização do dólar porque importa quase 20% do valor do faturamento, afirmou Garbade. Neste ano serão R$ 650 milhões em compras externas, de um total de R$ 2 bilhões em aquisições. Só da China virão R$ 100 milhões (o dobro do ano passado) em componentes para as ferramentas elétricas produzidas pela Bosch em Campinas. 'São peças mais simples', explicou o executivo.

Segundo o executivo, a produção física da Bosch no Brasil cresceu uma taxa anual de 8% nos últimos dois anos para acompanhar o ritmo da indústria automotiva local e a demanda de clientes na Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela. Estes países apresentam expansão média de 20% e neste ano devem puxar um crescimento de 5% no faturamento total do grupo na América Latina, ante os R$ 5 bilhões de 2006. Garbade prevê ainda uma produção de 3,2 milhões de automóveis no Mercosul em 2007 e projeta uma alta de 5% nos próximos dez anos, alcançando 4 milhões de unidades já em 2010.

O desempenho do setor, entretanto, começa a causar 'problemas pontuais' na cadeia de suprimentos das grandes indústrias e sistemistas de autopeças, ressalvou Garbade. De acordo com ele, a Bosch vem operando em três turnos seis dias por semana, além de um turno no sábado e outro no domingo, e ainda não foi obrigada a parar qualquer uma das linhas, mas seus fornecedores, em geral de pequeno e médio porte, estão operando 'no limite' da capacidade, principalmente no segmento de fundidos.

O problema é que essas pequenas e médias empresas normalmente têm baixa capitalização, não conseguem investir e por isso precisam de financiamento barato. Conforme Garbade, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) tem conversado a respeito do assunto com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. 'O governo está sabendo das dificuldades', disse.

A Bosch está investindo R$ 150 milhões em 2007, completando um pacote de R$ 1 bilhão em cinco anos. Do total, R$ 30 milhões foram aplicados na implantação de uma linha de freios ABS em Campinas. A capacidade será de 250 mil unidades por ano, que irão substituir produtos importados atualmente da Alemanha. Segundo o executivo, apenas 7% da frota brasileira é equipada com este tipo de freio, mas há potencial para o índice chegar a 40% em cinco anos. A empresa está aplicando R$ 100 milhões na expansão das linhas de componentes para sistemas de injeção a diesel em Curitiba.

Fonte: Valor