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Meta da francesa Peugeot é ampliar presença no Brasil

Publicado: 16 Março, 2009 - 00h00

Escrito por: CNM CUT

Otimista com o mercado brasileiro, a montadora de carros de origem francesa Peugeot acredita que, apesar da instabilidade do mercado mundial provocada pela crise financeira, o ano de 2009 se apresenta como uma boa oportunidade para a empresa conquistar uma fatia maior do mercado brasileiro. A principal aposta está nos novos modelos, que colocariam a montadora em novos segmentos.

Para que essa conquista seja possível, a Peugeot investiu alto em publicidade. No dia 4 de março, a montadora lançou a promoção "8.000 anos-luz", em que os consumidores obtêm condições especiais para comprar os modelos 307 Sedan e 207 SW em concessionárias de 42 cidades. A promoção vai até o dia 31 deste mês.

A marca oferece descontos que vão de R$ 6 mil a R$ 8 mil para as compras à vista. Para comunicar o público sobre a promoção, a Peugeot tem feito divulgação na televisão aberta e fechada nas cidades participantes, além da mídia impressa e do rádio.

A promoção "8.000 anos-luz" acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Goiânia, Pernambuco, Bahia, Ceará e Pará.

A PSA Peugeot Citroën está presente e produzindo no Brasil desde 2001, quando foi inaugurado o Centro de Produção de Porto Real (RJ). Atualmente este centro de produção engloba uma fábrica de veículos e uma de motores. Hoje, o complexo industrial produz os veículos Peugeot 206, 207, 207 SW e 207 Passion (sedã) e os Citroën C3 e Xsara Picasso, além de motores de 1,4 litro e 1,6 litro flex fuel e a gasolina.

Em 2008, a PSA Peugeot Citroën comercializou 263.000 veículos de suas duas marcas na América Latina, região em que o grupo está presente com fábricas e concessionárias na Argentina e no Brasil.

Na Argentina, a produção de veículos do grupo é feita na fábrica de Palomar, de onde saem os modelos Peugeot 206, 207, 307, 307 Sedan e Partner e os Citroën C4 Hatchback, C4 Sedan (Pallas) e Berlingo. Na fábrica de motores e componentes de Jeppener são produzidos motores a diesel de 1,9 litro e HDi 2,0 litros e também o motor de 2,0 litros a gasolina e flex fuel.

Para entender melhor os planos e as perspectivas da montadora Peugeot no Brasil, os jornalistas Roberto Müller, Márcia Raposo, diretora de Redação do DCI, e Milton Paes, da rádio Nova Brasil FM, entrevistaram o presidente da companhia no Brasil, Laurent Tasté. O executivo assumiu a direção geral das operações da Peugeot no Brasil em 2007, em sua segunda passagem pela filial brasileira. Entre 1996 e 2001, foi diretor financeiro do grupo PSA Peugeot Citroën.

Em 2001, Tasté retornou à França para comandar as áreas de recursos humanos, de formação e de gestão da montadora. Antes de vir presidir a filial brasileira, o executivo foi ao México, onde presidiu a marca de 2004 até meados do ano de 2007.

Tasté iniciou a sua carreira no grupo em 1989 como analista financeiro. Leia abaixo a entrevista completa com o executivo.

O setor sofre a grande turbulência do mundo todo, mas no Brasil parece não ser muito ruim. A sua empresa não só tem crescido muito, como acaba de lançar uma campanha publicitária que mostra um desejo de não perder produção e de até ganhar participação no mercado.

A Peugeot está bem otimista para este ano de 2009, com grandes ambições no País, porque temos aqui uma gama de produtos de que os brasileiros gostam. Agora estamos com a ambição, neste ano de 2009, de aumentar nossa participação no mercado, que hoje é de 3,1%, para quase 4%. Isso significa uma boa vontade de crescer no Brasil, com investimentos e publicidade.

Mas ao que o senhor atribui esse otimismo? Só ao desejo de crescer, ou a razões objetivas no mercado brasileiro?

O governo tomou muitas decisões para ajudar o setor, como o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], mas também ajuda o financiamento de crédito.

O setor voltou muito bem a partir do mês de janeiro, e acho que ainda há uma expectativa com a queda das taxas de juros e a prorrogação da redução do IPI que ajudarão e serão muito positivas. Eu vejo que, para a nossa marca, a Peugeot, temos carros que estão no coração dos brasileiros e é uma parceria de sucesso. Investimos para renovar a nossa gama de veículos compactos, que representam 70% das nossas vendas e 70% do mercado brasileiro, e isso significa que estamos muito otimistas para o ano de 2009.

O governo brasileiro deve prorrogar o IPI, mas como fica mais para a frente? A redução aqueceu o setor, mas e a partir do final da redução do IPI? Existe uma preocupação da Peugeot em relação ao segundo semestre?

A redução do IPI ainda não é oficial, o governo deve esperar o final do mês. O IPI gerou um fluxo forte. Se a alíquota ficar no nível atual, será uma boa decisão.

Depois de junho haverá uma preocupação se a alíquota subir de novo, porque o impacto nas taxas dos preços foi muito importante para os clientes. Se o preço dos produtos subir novamente, isso leva a uma parada do consumo.

Vamos esperar a oficialização até o final do mês. Se for estendido até junho, a preocupação será depois de junho.

Qual a notícia boa quando o senhor liga a Paris? Porque parece que na Europa eles estão nervosos com as perspectivas. Isso não é uma fonte de boas notícias para a matriz. Qual posição o senhor tem mandado à matriz, de faturamento e de vendas? Qual o seu budget para este ano?

É verdade que o Brasil é importante para a nossa marca porque desde o início do ano, enquanto a maioria dos países tinha um mercado caindo, o País parece que estava, e está, em um círculo diferente. É muito bom para a empresa ter uma instalação neste país para exatamente compensar o mercado em baixa. O Brasil, assim como a China, podem gerar à Peugeot um crescimento de vendas, enquanto na Europa hoje se encontra um mercado bem pessimista e com falta de confiança.

Ao que o senhor atribui, com sua experiência internacional, essa situação menos ruim, e até boa, do Brasil?

É uma característica dos brasileiros a confiança no futuro.

O Brasil encontra crises e sempre conseguiu superá-las porque existe confiança e o País sabe que tem potencial de crescimento. A Europa está mais saturada, as pessoas têm mais medo de perder. Acho que o brasileiro sabe que tem mais probabilidade de ganhar do que de perder, e isso gera confiança frente a uma crise.

A crise brasileira veio de fora e é verdade que muitos argumentam, no Brasil, que o País pode passar por este momento de crise financeira melhor do que outros.

Para a Peugeot mundial, o Brasil é importante, apresentamos orçamento e crescimento em termos de maior participação de mercado sobre a estimativa de um mercado estável.

O senhor está dizendo que o mercado brasileiro será do mesmo tamanho que o do ano passado, mas que a Peugeot ganhará maior participação?

Exatamente. Vamos crescer porque temos uma gama de produtos e acabamos de lançar um novo sedã compacto, que é um segmento que está crescendo no mercado brasileiro.

Isso significa que temos um veículo a mais para vender.

Vocês acabam de lançar uma campanha no País inteiro anunciando descontos para quem paga a vista. Como isso funciona?

Essa campanha é revolucionária e agressiva. O cliente pode ter um bônus de até oito mil reais em determinados carros da Peugeot. Temos apresentado preços agressivos, tentamos mostrar uma campanha de um jeito diferente das outras marcas. É importante nos diferenciarmos de outras marcas tradicionais no País para mostrarmos que a Peugeot oferece mais do que as outras montadoras.

A Peugeot tem praticado um esforço de vendas e de diferenciação da marca que remete a uma questão. Como o senhor avalia a criatividade das agências de publicidade brasileiras?

Eu aprecio trabalhar com as agências do Brasil. Elas têm um espírito de criatividade muito grande e também a reatividade das pessoas. No Brasil, monta-se a operação de uma campanha em alguns dias, e isso é muito importante para um país que sabe aproveitar as situações.

Dentro dessa campanha, qual a expectativa de retorno, de vendas?

Quando projetamos uma campanha, fazemos projeções de aumento de volume, e nesse caso, no mês de março, a nossa projeção é de aumentar a nossa participação no mercado de 3,1% para 3,5%. Será um crescimento forte.

Se essa campanha de um mês passar esse obstáculo e apresentar um crescimento da participação de 0,5 ponto percentual, eu posso apostar que o senhor continuará a investir em publicidade?

Certamente. A marca precisa se comunicar. Nós não temos a notabilidade de grandes montadoras tradicionais, e precisamos fazer com que o cliente reconheça nossa marca e nossos preços. Os clientes muitas vezes acham que somos uma marca de luxo, mas eles precisam saber que temos preços acessíveis.

O ano de 2007 foi muito bom para a indústria automobilística, e 2008 foi excelente até o mês de setembro. Agora o mercado está tentando se recuperar. O ano de 2007 foi um ano bom para a Peugeot?

Sim. O ano de 2008 foi bom também, o final do ano é que foi complicado, mas acho que foi um bom ano para todas as montadoras.

Para a Peugeot foi muito bom porque conseguimos realmente consolidar a nossa marca no mercado. Agora temos muito trabalho, mas o cliente já pensa em colocar a Peugeot na lista de carros que ele pode comprar.

Normalmente no segundo semestre a indústria automobilística apresenta muitos lançamentos, provocando vendas com modelos mais arrojados. Como será este ano? Com a provável retirada da redução do IPI, em junho, é a hora de provocar o consumo com novos modelos. O que o senhor pode adiantar sobre as novidades da Peugeot?

Acabamos de renovar a linha no final de 2008.Para nós, 2009 é um ano de consolidação dos novos produtos. Os novos lançamentos serão para o ano seguinte, não poderei falar mais por questões estratégicas. Mas a previsão para 2009 é vender os lançamentos feitos em 2008.

A Peugeot então se antecipou com os lançamentos?

Para lançar um carro, temos de ter um tempo antes. Temos lançamentos importantes até o ano de 2010 e 2011, a crise não parou os lançamentos no Brasil. Temos planejamento para lançar novos produtos. Em 2009 é mais consolidação, e depois temos a intenção de lançar novos produtos em segmentos em que não estamos hoje.

Qual é o volume de investimentos que a empresa deve fazer no País, no período de 2009 a 2011, para consolidar a nova linha?

Os investimentos são no Mercosul. Quando falamos de investimentos, temos de falar de investimentos no Brasil e na Argentina. A verba de que falamos foi de US$ 500 milhões, referente a investimentos na capacidade industrial e também investimentos em novos produtos.

Fonte: DCI